terça-feira, 1 de maio de 2007

O Monge & o Capataz

Quinta-feira, dia de oferendas na Gruta. Dois romeiros novos, Alexandre Curi e Dobrandino Silva, vêm pedir a intercessão do Monge da Carmelo. Motivo: a saúde do Capataz. Insistem que faça visita à Granja. Irmã Ana e Irmão Distefano desaconselham, sempre reticentes quanto à fé do Capataz.

Relato do Monge, ao retornar. O Capataz está realmente doente. Do corpo, efeito de medicamentos para a pressão. Quanto ao espírito, o de sempre. Aquele, o da chacota. Nenhuma elevação, nenhuma renúncia, nenhum perdão. Só a sedução, à qual o Monge se diz imune, lembrando o Cristo, levado ao alto do monte, quando Lúcifer ofereceu-lhe o mundo. O Monge tranqüilizou os devotos, dizendo que recusa voltar àquele mundo, tão adiantada está a difusão de seu credo.

Disse o Monge, na prédica da sexta, que ao fracassar na expulsão dos vendilhões do templo, perdão, da Granja, seguiu Pilatos: lavou as mãos. Mantém-se em retiro e silêncio, obsequiosos e leais. Segue no propósito de purificar-se, recolhendo-se a Compostela, numa peregrinação que - diz ele nesse sincretismo rejeitado pelo Irmão Distefano, sempre rigoroso na doutrina - aprendeu com João Batista e Buda.

Neste sábado, e até a Páscoa, o Monge, com a Irmã Cristina, permanecem em Aparecida. O Mestre confunde com São Benedito a santa encontrada pelos pescadores. A tantas anda o enlace de crenças do Monge da Carmelo e seu afã de perdoar. Dá para entender, sabendo-o lapiano e desde criança devoto de João Maria, outro Monge da sua Lapa e inspiração do - também outro - Contestado.
(publ. no blog do Zé Beto)

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