quarta-feira, 20 de junho de 2007

Wellington Salgado - cabelos longos e idéias curtas

Wellington Salgado, senador suplente (PMDB-MG), durou uma sessão como relator no conselho de ética da representação contra Renan Calheiros. Saiu por ter sido vencido: queria ler o relatório de Epitácio Cafeteira, a quem substituiu no conselho, arquivando a matéria. O processo continua e há risco da cassação de Renan. A biografia de Salgado é típica: empresário da educação, contribuiu para a campanha do titular, o hoje ministro das comunicações Hélio Costa. Ao deixar a relatoria, sendo entrevistado, desdenhou o caso Renan e a participação dele, Wellington: só devo satisfações ao povo de Minas e a Hélio Costa. É como vê o papel de senador. Já contribuiu para o anedotário - e não só pelos cabelos cabelos longos e soltos. Disse, por exemplo, que ao saber do volume de água na descarga perdeu o prazer da urina matinal. Chegou a propor a reconstituição do acidente da Gol e do Legacy. Bem diferente de Sibá Machado (PT-AC), também suplente, que cresceu como parlamentar no episódio Renan.

Conselho de ética do Senado - melhorou o nível?

O conselho de ética do Senado está reunido. O nível melhorou. Grande momento, como sempre, a intervenção de Sérgio Guerra (PSDB-PE), lúcido, inteligente, habilidoso, pondo a discussão nos devidos termos, lembrando o conselho de sua responsabilidade com o povo. Insistiu que Renan Calheiros deveria ir até o conselho explicar-se para os colegas. Renan ausente, está lá seu advogado, Eduardo Ferrão. O relator passa a ser Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente - é aquele de cabelos compridos, estilo Woodstock (ninguém até agora exigiu que os cortasse; só ACM, maldoso, chamou-o um dia de "senhora"). A linguagem corporal dos senadores traduz nitidamente o desconforto que sentem. Até mostram compostura, ausente na última reunião. Parece que o receio da opinião pública começa a pesar. Até Sibá Machado, petista, suplente, presidente do conselho, assumiu conduta de magistrado. Se o conselho decidirá de maneira a afastar, neste particular momento, a desconfiança geral do povo, só o tempo dirá.

Renan Calheiros - o problema é só carnal

Renan Calheiros vendeu para o açougue Carnal, em Maceió, e apresentou as notas para provar fonte adicional de renda. Embora o imbróglio de Renan tenha tido origem carnal - seu desentendimento com a namorada - o surgimento de um açougue, também carnal, não pode ser coincidência. Há de ter qualquer coisa metafísica, um duende patriota contribuindo para a moralidade pública. É muita relação carnal para um senador só.

O mito da cordialidade

Duas notas no blog do Zé Beto, hoje. O secretário Iatauro, chefe da Casa Civil, mandou para a Assembléia Legislativa as informações requisitadas pelos deputados. Há dias, diz ele. O trânsito deve estar difícil lá no Centro Cívico, pois o mensageiro da Casa Civil não consegue atravessar os poucos metros da rua e entregar o material na Assembléia. Nos poupe, secretário.
A outra nota é sobre o encontro entre o governador, os deputados federais e os senadores, em Brasília, para fechar apoio contra a multa do Tesouro. Cobrado por Osmar Dias sobre seu comportamento com o Município de Curitiba, que é o mesmo que a União vem fazendo com o Estado, o governador disse que não sabia de nada. Nos poupe, governador.
O governador estava manso, até cordial. Ele assumiu o mito da cordialidade, que rejeitou no discurso de posse?

Prendam o procedimento!

Primeiro foi o mordomo, depois o sofá. Agora é o procedimento. Mais um para compor os três os suspeitos de sempre. Está na G. do Povo de hoje (pág. 7, primeiro caderno) a reportagem de Rogério Galindo, excelente repórter, com o Secretário da Saúde, Cláudio Xavier, que justifica o atraso no fornecimento de remédios:
  • "Por minha vontade, não faltaria um único remédio, por um único dia."

E complementa: alguns problemas em licitações também atrasaram a reposição. Problemas causados pela vontade de quem, Secretário? O atento Galindo deixou escapar a pergunta inadiável. Quanto aos problemas de licitação, com laboratórios que demoram para apresentar os preços, fica outra pergunta: a Secretaria não faz planejamento de suas ações?

Mangabeira Bolodório Unger

O ministro professor Mangabeira Unger vai render muita gozação. E não é pelo sotaque nem pelo modo de vestir: o que era aquilo de gravata e camisa no mesmo tom, ontem, na posse? É que se a gente espremer o que ele fala não sai nada. Vejam um trecho de seu discurso de posse.
  • O engrandecimento do Brasil soará em todos os recantos da Terra, como o grito de uma criança ao nascer, prometendo um novo começo para o mundo. Presos a seus afazeres, ansiosos para esquecer que morrerão, homens e mulheres pararão por um instante, perturbados por esperança inesperada. Ouvirão nesse grito a profecia do casamento da pujança e da ternura.

"Casamento da pujança e da ternura" - não seria "com" a ternura? que metáfora ridícula! "O engrandecimento soará como o grito de uma criança ao nascer" - ele acaba de fazer a cesariana do Brasil, que desde a Independência está deitado eternamente. E eu aqui atormentando (e reprovando) alunos por causa da retórica vazia, do bolodório, do encher lingüiça. Depois de Mangabeira os meninos vão achar que o certo é isso mesmo - podem acabar em Harvard, titulares do curso de Direito, e na pior das hipóteses ministros de Estado.

Lula magnânimo. Mangabeira o quê?

No discurso de posse, ontem, o ministro Roberto Mangabeira Unger disse que o presidente Lula foi "magnânimo" ao convidá-lo para o integrar o ministério. A prova da magnanimidade está abaixo, transcrita da Folha de S. Paulo - o manifesto Mangabeira. Se Lula é magnânimo, como deveríamos rotular o professor Mangabeira?
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Pôr fim ao governo Lula

AFIRMO que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos.
Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação em juízo. Já são, porém, mais do que suficientes para atender ao critério constitucional do impedimento. Desde o primeiro dia de seu mandato o presidente desrespeitou as instituições republicanas. Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para interromper a investigação de seus abusos.
Afirmo que a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para deixar de declarar o impedimento do presidente, dados a gravidade dos crimes de responsabilidade que ele cometeu e o perigo de que a repetição desses crimes contamine a eleição vindoura. Quem diz que só aos eleitores cabe julgar não compreende as premissas do presidencialismo e não leva a Constituição a sério.
Afirmo que descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam deslealdade para com a República os mandatários que, em nome de lealdade ao presidente, deixassem de exigir seu impedimento. No regime republicano a lealdade às leis se sobrepõe à lealdade aos homens.
Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança.
Afirmo que o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou.
Afirmo que a oposição praticada pelo PSDB é impostura. Acumpliciados nos mesmos crimes e aderentes ao mesmo projeto, o PT e o PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo monstro que sufoca o Brasil. As duas cabeças precisam ser esmagadas juntas.
Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais do que nunca, o futuro da República.
Afirmo que a repetição perseverante dessas verdades em todo o país acabará por acender, nos corações dos brasileiros, uma chama que reduzirá a cinzas um sistema que hoje se julga intocável e perpétuo.
Afirmo que, nesse 15 de novembro, o dever de todos os cidadãos é negar o direito de presidir as comemorações da proclamação da República aos que corromperam e esvaziaram as instituições republicanas.
Artigo publicado na edição de 15/11/2005 do jornal Folha de S. Paulo

Os encontros secretos de Lula

Reprodução do blog Brasil acima de tudo. Sem comentário.
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O escritório secreto do "Insólito Homem" vendedor da honra da República do Brasil
18 de junho de 2007
Heliponto privativo do edifício muito sobrevoado pelas aeronaves dasTVs e freqüentado por transportadores de malotes especiais.
Do Observatório de Inteligência
Por Orion Alencastro

Como cenário, os fins de semana na cidade do Obelisco dos Heróis da Revolução de 1932 quando a sociedade, sob céu azul e esparsas nuvens, relaxa em busca de lazer, exercícios físicos, banho de sol no Ibirapuera e em outros parques da intrépida capital dos brasileiros que amam o trabalho digno e desejam o progresso da Pátria, com respeito à Lei e à Ordem. São sucessivos sábados e domingos em que a sociedade busca se refazer das angústias e inseguranças do destino do país, impactado há longos anos pela escalada da corrupção que alcança os três poderes da República.
O Vôo do Crime e os encontros secretos
Nas coordenadas S 23º 33`13.1"/WO 46º 39` 11.3", sob a cobertura do edifício de vidraças indevassáveis, discretos agentes de segurança comunicam-se com o 17º andar. No diálogo, a confirmação de que o helicóptero já alçou vôo e está a caminho do pouso sempre alvissareiro. A bordo, um "insólito homem" chegando para mais um encontro periódico de atualização e continuidade de assuntos sigilosos de elevadíssimo comprometimento. Naquele andar, um impecável e amplo escritório está sempre à disposição do "insólito visitante", com todas as facilidades que pedem tão importante pessoa. Algumas figuras de considerável poder econômico e influência global no pretendido Governo Mundial aguardam o visitante. Os circunstantes são avisados de que o pouso da aeronave no heliponto SDSZ foi positivo. Seus passageiros, geralmente em torno de quatro, são observados mais uma vez por empregados que fazem a manutenção do prédio vizinho e assistem o dissimulado desembarque da "insólita personalidade" que vai ser recebida no luxuoso escritório.
A venda da honra da República
Os poucos e selecionadíssimos presentes secretamente agendados recepcionam e, amistosamente, cumprimentam o "insólito homem". Sucos, água e café são servidos. Dispensam-se os seguranças e as portas são cuidadosamente fechadas. Tem início mais uma reunião no alto do nobre prédio na mais paulista das avenidas de São Paulo. Toma-se a pauta do encontro anterior sobre potencialidades, projetos e riquezas nacionais. Iniciam-se a avaliação de outros ajustes de facilidades, acomodações de interesses corporativos e pessoais, sob pena de ferir os interesses estratégicos do país. É a venda da honra da República do Brasil. O calmo e circunspecto anfitrião consulta o seu valiosíssimo relógio de pulso: duas horas foram o suficiente para os acertos. O encontro encerra-se com a degustação de uma última dose de legítimo scotch, com gelo de água mineral importada. A segurança é avisada que o encontro está terminado. O tripulante da aeronave surge no heliponto para iniciar os procedimentos de retorno à base.
O "insólito barbudo"
Nosso protagonista não esconde a euforia pelo encontro. Despede-se amigavelmente, curvando-se ao que foi aventado. É discretamente acompanhado até a porta da cobertura. Do edifício em frente é avistado por faxineiras e limpadores de vidraça que se espantam com a semelhança de sua compleição física àquele que costuma aparecer nas manchetes de jornais e noticiários da TV. Antes de embarcar no helicóptero, o "insólito homem" sente a sua barba, esbranquiçada pelo poder e pela desonra, ser acariciada pelo frescor do eterno vento sul. O piloto acena para o segurança que porta o extintor de incêndio e a aeronave se levanta. Ao fundo da Avenida Paulista o "insólito passageiro" deslumbra-se com o Jaraguá (Guardião do Vale). Analisa por instantes sua barba e cabelos desalinhados no reflexo da janela, relaxa o corpo e cai em sono profundo ao lado do segurança. Em sonho, possivelmente o próximo embarque para o outro lado do Atlântico, conforme a agenda deixada na capital da sua república. Tudo não passa de mais um encontro que se repete em tais circunstâncias nos fins de semana, onde o "insólito governante" negocia e vende a Honra da Pátria no mercado negro da geopolítica do poder global. (OI/Brasil acima de tudo)