terça-feira, 22 de maio de 2007

Fofoca só atrasa

Vem da BBC: pesquisadores ingleses divulgam resultado de estudo mostrando que a fofoca consome tanto o tempo de atividade nas empresas que isso representa perda de treze dias de trabalho por ano. Se na Inglaterra, onde todo mundo é fleumático, discreto e contido, até reprimido, imagine quanto se perde no Brasil, só nas empresas privadas. Depois transporte para a política brasileira. E se quiser ficar preocupado, mas bem preocupado mesmo, comece a pensar no Paraná. Deve atrasar pelo menos um ano de produção, de realização de projetos, obras, etc. Sabe de uma coisa? É melhor não pensar.

Viagra cura jet lag

É assunto sério; não é candidatura ao prêmio IgNobel: pesquisadores argentinos, trabalhando com hamsters, descobriram que pequenas doses de Viagra sanam os efeitos do jet lag. No mais, naquilo específico do Viagra, nada, murchidão total. Fiquei com a pulga atrás da orelha: por que os argentinos se preocupam com isso? Penso que a resposta está no Clarín, jornal portenho: com foto e tudo, Carlos Menem disse que está ainda funcional graças ao Viagra, embora seu casamento com a chilena Cecília Bolocco esteja periclitando por causa daquele italiano que fez a señora Menem desfazer-se em público do top de seu biquíni. Como o Menem tinha que viajar constantemente da Argentina para o Chile, naquela agenda apertada de político e naquela fissura de marido de mulher bonita, com certeza já traçava um Viagra no avião, chegando em chegava em Santiago sem jet lag. E funcional.

Multa por filhos

O pau está correndo solto na China. Entre o povo e o governo - que tem uma lei restringido o número de filhos por casal. Coisa dramática em todos os sentidos: há registros de pais matando filhas recém-nascidas porque a sociedade e o mercado não terão espaço para elas. Dramático também devido à explosão demográfica, lá e na Índia - onde o governo até distribuiu rádios (na época chamava-se "de pilha") para, digamos, manter os casais ocupados com outras coisas. Será que nossa expedição ao Oriente, comandada por Ele, desviou-se da China por causa disso? São acaso keynesianos, adeptos do pleno emprego? Gente, a China é um grande mercado para nossa soja puríssima! Mas como diria Vinícius: filhos, melhor não tê-los; mas se os tivermos, vamos empregá-los.

Tenho biografia a zelar

Eu também. Só que a minha é a do Gumercindo Saraiva, meu herói patrício, que levei para o Paulo Gurnaki - o único grande encadernador vivo do Paraná - e ele não entrega. A outra biografia, que também requer zelo, segundo o próprio, é a do ministro Silas Rondeau, que está sendo vítima da imprensa canalha (quem foi que disse isso?). Essa mesma imprensa está dizendo agora que aqueles cem mimos ele teria recebido por conta de um superfaturamento de 2 milhões no projeto Luz para Todos, do Piauí. Merreca nesse percentual do valor não é mimo; é esmola. Coisa do nome do projeto: fosse Luz Fraterna não teria disso. Sendo "para todos" tinha que sobrar "algum" para alguém.

O nexo causal

O Ministério da Previdência pegou briga com os segurados por doença do INSS. Está questionando o nexo causal, o critério para estabelecer a relação entre a atividade e a doença. Levantaram coisas esquisitas: motoristas são passíveis de diabetes; funcionários de free shop, tuberculose. E vejam só: atividade sindical causa hérnias. Das ingüinais e das umbilicais. Já trabalhei em sindicato, de patrão e de empregado. Nunca vi disso. Agora vi coisa mais interessante: funcionária minha na Sanebras teve estresse logo depois das férias, e um outro logo em seguida à campanha eleitoral. Ares do norte do Estado.

Eu bebo, sim

O presidente baixou decreto fixando conceito das bebidas alcoólicas. Uma segurada na propaganda, principalmente da cerveja. Tem razão. Não vejo como um cara como o saudoso Bussunda, ou o Zeca Pagodinho, só bebendo cerveja possa ganhar uma peça como a Juliana Paes. Só na propaganda mesmo. Aqui fora vale o saradão, abstêmio e não tabagista. No decreto as bebidas são classificadas pelo teor alcoólico. O noticiário, orientado pela liga da temperança, vai fundo e dá a graduação das bebidas. Como o presidente, gosto de destilados. Felizmente para nós dois, fortes, pesados, a Ypioca e a Sagatiba, listadas entre as pingas. Ainda para sorte de Lula e minha, a Izaura e a Germana não entraram. Mas ex má companheira do governo não vai gostar: puseram a tequila José Cuervo na lista daquelas brasileirinhas: 38/39 graus de teor alcoólico.

Prezado Beto Richa

Prezado Beto
O tratamento é informal porque sou mais velho. Não votei em você para prefeito, temia que fosse conciliador como o velho Richa. Erro meu, corrigiu o Fábio Campana dia destes, "o momento exigia um homem conciliador, e ninguém melhor que o Richa". Também não votei no outro, mesmo tendo sido grande amigo de irmão dele e venerar o velho Vidal Vanhoni. Aquilo que Ele espalhou no Mãos Limpas sobre dinheiro da Pavibras indo para a campanha feriu meus escrúpulos. A coisa virou blefe, não tinha nada disso de cinco milhões de mimos. Reconheço que sempre votei mal. Basta meu candidato ser eleito para vir um mau governo - não tem erro. Logo, Beto, você é um bom prefeito.
Você não faz propaganda, não aparece nos jornais todos os dias. Se um dia eu descobrir que você deu abrigo a um correio desses, metropolitano, interiorano ou soteropolitano, vou cair de pau em você. Quase sinto em você a liturgia do cargo. Quase, pelo menos na roupa, embora você seja fiel ao PSDBlook, que Serra e Tasso imortalizaram: sempre casual, aquele relógio no pulso esquerdo que para alguns mostra inconformismo, calça e camisa esportes. Realmente terno e gravata não são sua praia, você perde a naturalidade. Mas quando joga aquele blazer navy blue sobre sua roupa-de-briga, você bate até o namorado da Cicarelli - mesmo naquela roupa de praia. Na calça jeans você se nivela a Ele - embora a d'Ele, pelo caimento e pela barriga-pera, seja mais brim-curinga que Lee, como as suas. Já camisa, aposto que você veste uma limpa e bem passada só para as photo opportunities. Não dá pra ficar o dia inteiro daquele jeito, perfeita, lisinha, bem ajustada.
Divago, Beto. Só queria pedir pra você dar força nesse metrô encantado. Não adianta ter carros - nem carrões, como nós gostamos - se às 6:30 da tarde você sai da Ubaldino e só consegue chegar na Floriano, via Deodoro, às 7:45. Não se mixe pro Arcanjo, que só quer metrô de superfície. O Arcanjo perdeu o metrô da História. De mais a mais, se o outro é Arcanjo, você, pela figura atlética e juvenil, pela origem, pelo peso celestial - é um Querubim. E os Querubins têm força. Não foi um deles que desafiou o Criador - Ele, para os íntimos? No metrô você peita arcanjos e até Ele. Não deixe espaço para esse casal da pesada, Gleisi & Bernardo. Dá-lhe, Beto.

Marcelo e o clube da leitura

Mal concluí a postagem sobre a representação do Paraná bateu-me um complexo de culpa. Temos representantes em Brasília que se distinguem. Infelizmente só lembro de dois. Claro que o Gustavo Fruet vem primeiro à lembrança, pois ele sabe o que significa a atividade parlamentar. E devo registrar, sabendo da controvérsia, que ele é cativante como figura de traços ascéticos, quase franciscanos. O outro, que está despontando rapidamente, é Marcelo Almeida, a quem faltaram alguns mil ingratos para legitimar como deputado pleno. Mal chegou em Brasília e já formou um clube de leitura, e vejam só quem ele cooptou de cara: Luíza Erundina. Deve ter mulher ciumenta, o Marcelo, pois fosse outro não vacilaria na escolha daquela deputada do Rio Grande do Sul. Ou da Rita Camata, de beleza eterna, intangível pelos anos, como a Vênus de Milo. Patrícia Saboya, talvez - espero que, chegando ao Senado, lembre-se dela para o clube. Aviso ao Marcelo: nada de levar o Diário de Raquel, da Vanessa Oliveira, para a Erundina ler. Ela pode não ser uma brastemp, mas ainda conserva umas brahmas.

Operação Navalha - nenhum mimo para o Paraná?

Zenildo Veras, dono da Construtora Gautama, que é zen, batizou a empresa com o nome de Buda. Eu acho que foi só a primeira silaba do nome. Aliás, no estado das coisas, a empresa deveria ser Veras - porque a verdade está vindo, com o destaque que só a Globo, sempre na frente, pode dar. O que chama a atenção no epísódio Gautama (porque outros, e outros e mais outros virão, e nada acontecerá) é que descobriram quarenta parlamentares, entre deputados e senadores, no cadastro de mimos da empreiteira. E destes quarenta, nenhum do Paraná - aquele usual suspect não conta. É a conhecida timidez dos paranaenses? Ou a inoperância de nossa representação? Não sei o que é pior, pois se a coisa não muda, os mimados (não seria mimoseados?) pelo menos levaram obras para seus Estados. Desde que Vinícius Caldeira Brant, negociando a dívida portuguesa - que assumimos, para pagar a nossa independência - ganhou uma comissão do Banco Rothschild entendi que os mimos vieram para ficar. Sejamos zen.