quinta-feira, 17 de maio de 2007

Le compagnon malfaisant

Na França também tem maus companheiros. Só que lá eles vão para a guilhotina. O presidente Sarkozy tomou posse hoje, com a respectiva a tiracolo, chorando e sendo beijada. E de cara já nomeou o primeiro-ministro, que será François Pillon. O anterior, Dominique de Villepin, que é do mesmo partido de Sarkozy, foi mandado para casa, sem sequer um cargo de ministro, como seria normal na França. É que Villepin, colega de ministério de Sarkozy, e disputando com este a candidatura à presidência, inventou de vazar para a imprensa supostas negociatas do colega. Parece que tentou até chamar a turma do varal lá deles. Coisas que felizmente só acontecem na França.

Navalha na carne

Não é bem nepotismo, mas tem alguma coisa dele. Na sua última operação - Navalha; que nomes eles arranjam - a Polícia Federal prendeu o ex-governador do Maranhão, Reinaldo Tavares e dois sobrinhos do atual, Jackson Lago, que só não viu o alvorecer da cela porque a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, entendeu que não era o caso. Nunca é o caso nesse nível político. Mas para nós, aqui na planície, roendo-nos de raiva de ver tanta malandragem instalada no poder, foi um alento. Na operação a PF recolheu ainda dois filhos de João Alves Filho, ex-governador de Sergipe, além de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado - que pela denúncia do M. Público Federal era operador do esquema. Em gravações autorizadas pela Justiça descobriu-se que ele levantou lá um capilezinho de R$ 216 mil para os filhos de João Alves Filho. Falando em João Alves Filho é interessante lembrar que ele obteve um daqueles financiamentos da Banestado Leasing no governo Lerner. Daqueles que nós ainda estamos pagando junto com a multa que o governador Requião vem dizendo que vai ser perdoada.
Ia quase esquecendo. Reinaldo Tavares, quando governador do Maranhão, ganhou um mimozinho da Construtora Guatama, beneficiária das fraudes em licitação investigadas pela PF. O mimo era nada menos que um Citroën 2005 - carro do ano, na época. Carrinho barato, quase uma jabiraca; só vale R$ 110 mil.

Nepotismo dá justa causa no Banco Mundial

Os gringos calvinistas não dão mole. Nepotismo, maridismo e outros favoritismos não pegam com eles. Taí a prova: o Paul Wolfowitz vai ter que sair em junho do Banco Mundial, pois não pegou bem o aumento salarial que ele deu para a mulher. Ele esperneou, pediu, mas não tem volta. Interessante de tudo isso são as notas dele, do Banco e da mulher. Pelo que ele diz na nota explicativa o Banco Mundial acaba sem ele, e tudo que o banco é praticamente se deve a ele. Lá no finzinho reconhece que pisou na bola. Já com o banco não tem disso. Dois terços da nota criticam diplomaticamente a misconduct, a falseta do presidente. Já a mulher dele - Shaha Riza - justifica o aumento: o marido fez justiça, pois o machismo imperante impediu que fossem reconhecidos seus méritos. Na reportagem da CNN lá pelas tantas ela saca esta preciosidade: nunca soube "blow my own trumpet" - fazer o meu comercial, em tradução livre. Nada de blow job, que é coisa muito diferente.

O governador pousa

no Japão, com uma leva de deputados. Já na fotografia com os deputados, ontem, o governador posa. Viu, Kátia Chagas (G. do Povo, 1o. caderno, pág. 12). Tá certo, também acho que Ele não é só uma brastemp. É também um boeing. Mas daí a pousar faltam a Ele turbinas. Agora, se ele continuar pousando com os deputados enquanto estiver no Japão, o problema é com a respectiva dele.

Germinal e a súcia

Mais uma da súcia: Germinal Poca também quer depor na Assembléia. A imprensa atiça o fogo: querem queimá-lo porque é do grupo de Sergio Botto e está revoltado com a questão das avaliações na Sanepar. A súcia está atirando com pólvora vencida e o bacamarte está com mira desregulada. Germinal lá é louco de depor tendo responsabilidades com a Comissão de Valores Mobiliários? Não pensaram um pouquinho para ajustar o tiro. Ele não tem nada a ver com as avaliações da empresa. Isso é assunto do Botto, invenção do Botto, coisa do Botto. Também não é do grupo do Botto, que sempre fez sérias reservas ao jeitão crítico e intrometido de Germinal. (Nem eu sou do grupo do Botto. Individualista e leonino, o Botto é ele e mais ele). Mas que a súcia quer detonar o Germinal, isto quer. E não é de hoje, vem do tempo d'Ele prefeito. Conto um dia destes. Já que falei do Zodíaco, vamos ler os astros. Vocês perceberam que a súcia não planta notinhas sobre o Botto, que está sendo poupado até sua ida à Assembléia? Esperam que Botto continue no joio. A súcia quer fazer a limpeza étnica; só os puros-sangue ficam. Só que Botto não é puro-sangue. No ano da revelação d'Ele, Botto era um pirralho de 26 anos. Germinal é puro-sangue. Então, por que detonar Germinal? A seita d'Ele é que nem a Igreja, que nem o stalinismo - na história e nos métodos muito parecidos; Stalin inclusive foi educado pelos jesuítas: sacrifício por divergências na doutrina. Germinal é obcecado pelo controle; a súcia, pelo caos. Mas na Igreja como no stalinismo, o dissidente (nem tão dissidente assim) era queimado pelos papas e fuzilado nos gulags. Sempre louvando o líder. O líder - papa, Stalin, Ele - sempre poupado, sempre enaltecido, sempre amado, sempre absolvido. Explicação de agnóstico (estou voltando à Igreja, mas mantenho certos vícios): fé. Germinal - e também vale para o Botto - é como Prestes: se Getúlio matou Olga, se Sobral Pinto teve que invocar a lei de proteção aos animais para defendê-lo, nada disso importa quando o supremo interesse do supremo líder exige aliança com Getúlio.

Se necessário alio-me ao demônio 2

Aviso aos blogueiros sensíveis, às mães de família recatadas e aos - como eu - congregados marianos praticantes. ( Até escrevi o capítulo primeiro como introdução, para amenizar o impacto). Não tem parábola, segunda intenção, provocação ou recado. É um fato acontecido, registrado no italiano Corriere della Sera (que inclusive é jornal católico) de ontem, 16 de maio. Está acontecendo na Bélgica, eleição para o senado. Tania Delvaux, moça muito bonita, líder do partido NEE, abriu sua campanha prometendo criar quatrocentos mil empregos se eleita. Fez isso inclusive usando o blog do partido. Nada, traço, como a audiência da nossa TVEle. Mudou a estratégia: prometeu fazer sexo oral em quem votasse nela. O blog não informa se a proposta era mono ou bissexual. O blog do partido NEE teve imediatamente um milhão de acessos. A Tania disse que não passou de provocação, queria escrachar o sistema. Ah, bom. Vou acompanhar a eleição da Tania - e os acessos a seu blog - e registro sempre que possível aqui no MAX.

Se necessário alio-me ao demônio 1

Winston Churchill foi muito criticado quando aceitou aliança com a União Soviética para combater a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Sua explicação: para derrotar o nazismo alio-me ao próprio demônio. Dizem que Ele, sempre culto, chistoso e com aquele preciso e irretocável senso de oportunidade, teria usado a imagem de Churchill para explicar numa gravação certa aliança eleitoral. Deu aquele quiproqüó, bispo gritando, beatos sangrando e Ari Fontana salvando. Ari, para quem não sabe, é o perito criminal que deu o laudo atestando que a voz na verdade era do Clodovil Hernandez. Depois, por méritos, virou diretor do Instituto de Criminalística. Em outros tempos Ari estaria em bela sinecura, talvez até vitalícia. Qual o quê! Foi parar na cadeia, sem culpa formada, moralmente assassinado. Dia desses o Monge da Carmelo fez uma prédica sobre a ingratidão. E deu Ari como exemplo.

Risco de morte 3

Chega de risco de morte. Até já me disseram para tomar cuidado, pois estou na mira da súcia. Mas não dá para agüentar isso que a imprensa fez: acabar com o velho, eficiente e pleno de significado risco de vida. Até o Celso Nascimento entrou nessa. E olhem que CN é daqueles antigos, pois fez escola pública, estudou latim, leu os clássicos. Ele é que nem o Cony, tem redação própria. Quando leio esse absurdo lembro que a gramática apropriou-se das categorias da lógica aristotélica: sujeito, predicado, objeto.
Gente, não existe risco de morte; o risco é de vida, mesmo. Para morrer é preciso estar vivo. A morte é uma circunstância da vida. Lógica, linear e simples: a morte não existe por si mesma, como evento de origem. A vida sim.

Risco de morte na Assembléia 2

Em inglês sequer existe o verbo to disk - é to dial. Sabem de onde surgiu esse "disk"? - Na propaganda das pizzarias, simplificação gráfica e fonética do verbo português discar. Da época em que os aparelhos telefônicos tinham discos com os números. Hoje nem isso, pois são todos digitais, sem discos. Já é hora de pôr aquela comissão de redação para funcionar lá na Assembléia. E dar uma dura na assessoria. Viu, presidente Justus. O senhor tem tradição a zelar, pois seu avô, o velho de Plácido e Silva, escreveu dicionário. E tia Juril jamais erra na concordância, regência e tempo naquela deliciosa "Notícias e Noticiáveis" da Gazeta do Povo - por sinal criada por vovô Oscar Joseph.
Desse jeito, a lei 15.443 vai terminar em pizza...

Risco de morte na Assembléia Legislativa 1

Calma, pessoal. Quem corre risco é a língua portuguesa. Vejam esta. Na lei 15.443, agora de 15 de janeiro, "nos estabelecimentos que vendam cigarros e bebidas alcoólicas" é obrigatória a fixação de cartaz com "o número do disk-denúncia da Polícia Militar". Confiram o art. 4o. da lei. Disk? - Que língua é essa? Português não é. Será inglês? Com certeza não, pois "disk" no inglês é disco; não o verbo discar, que foi a "intenção do legislador", como gostam os advogados. E "estabelecimentos que vendam"? Excelências, estabelecimentos não vendem; quem vende é a pessoa, física ou jurídica, titular do estabelecimento. Depois disso vai daqui toda a minha indulgência para o deputado Fábio Camargo, que na coluna que mantém no Jornal do Estado chamou alguém de "mal pagador". Porque o devedor em questão resistia em saldar uma dívida. Vá lá, além de mau - adjetivo depreciativo - o tal pagador estava causando mal - advérbio -, maltratando seu credor.