quarta-feira, 16 de maio de 2007

A respectiva do Sarkozy

Brasileiro só pensa em mulher. Essa brincadeira das "respectivas" continua rendendo. Agora é amigo de meu pai, companheiro de militância no PTN Partido Trabalhista Nacional nos anos 50. Primeiro me corrige: ainda não aconteceu a posse do Sarkozy; portanto não dá pra dizer que a mulher dele não compareceu. Falhei; a primeira "barriga" do MAX, que ainda está na barriga da mãe dele. Depois me conta o caso de um político do Paraná. O político, dos melhores que tivemos - verdadeiro estadista, coisa rara nos dias atuais -, tinha fama de mulherengo. Estava em campanha e o eleitor se aproxima: "sempre votei no senhor. Agora estou em dúvida, pois dizem que o senhor gosta muito de mulher". Nosso estadista olhou fundo nos olhos do eleitor (eu conheci aquele olhar profundo e intenso) e sapecou esta: "meu amigo, eu sou um homem...". E o petenista fecha: "ele era bem casado, a mulher sempre foi feliz, e ninguém aqui no Paraná o superou como homem público".

O varal colombiano

Li no El Tiempo, de Bogotá. Alguma coisa saiu por aqui. Mas na Colômbia toma páginas inteiras dos jornais. Doze generais da polícia nacional foram afastados por causa de gravações telefônicas ilegais. A turma do varal colombiana é forte. Grampearam tanto que grande parte do material não foi transcrito porque está em equipamento superado, pois isso vem de 1997. Um prendedor graúdo desse varal já começou a se abrir. Até parece o Brasil, em que um escândalo público apaga o anterior. Só que são dois ao mesmo tempo. Além desse dos grampos, tem lá um chefão dos pára-militares que informa ter-se reunido com o atual vice-presidente. O chefão das AUC auto defensas de Colômbia se chama Salvatore Mancuso, e só não digo que com esse nome não podia ser outra coisa porque também tenho origem siciliana. O melhor foi a justificativa da conversa do vice: ele queria ver se tinha condição de aplicar os métodos dos páras em Bogotá.

Pinacoteca Paulista

Assunto requentado, bem sei. Mas tem gente que só lê o MAX. Saiu na Folha Ilustrada ontem, última página: a Pinacoteca Paulista abre nesta semana exposição com quarenta quadros do Palácio de Versalhes. Os quadros retratam principalmente os luízes XIV, XV e XVI em períodos diversos da vida. Se a pinacoteca não fosse um espetáculo em si mesma, se a arte do período não fosse excepcional - tem até obras do David, o pintor oficial da Revolução Francesa -, há a oportunidade de curtir o registro visual do surgimento, o auge e a decadência do absolutismo na França. Semana que vem, com Ele fora do país, aproveito para vogar em S. Paulo.

Espeto & picanha

Mais um problema. Desta vez a brincadeira com as Respectivas. Gente que respeito, de quem gosto muito, sobre aquilo de o Menem não estar com tudo em cima. O grande médico, medalhão da Santa Casa, pioneiro na literatura especializada com seu dicionário de medicina, dissertando sobre vasos capilares, turgor vital e quejandos. Lembrou de sua idade, que chegou aos 90 só com um probleminha de audição. No resto, supimpa. Ele e o primo, aos 93, sacudido, afiado e faceiro naquelas gravatinhas borboleta. Até citou um velho amigo, duas semanas depois das bodas de ouro flagrado pela mulher com duas meninas da vida fazendo "aquilo" - e que hoje, aos 94, "não dorme sem mulher". Não adiantou eu explicar: só queria dizer que a Cecília Bolocco, miss universo e quarenta anos mais nova, era muita picanha para o espetinho do Menem. Não me aventurei a dizer ao grande médico que isso de não dormir sem mulher não é lá grande vantagem. Os bebês também não dormem sem mulher. E de mais a mais a questão não é dormir; é se manter acordado. Com tudo em cima.

Um estadista

Cortesia do G. Poca, aquele missivista maquiavélico, num telefonema às 10 da noite: não perder o filme sobre o Jean Monnet, começando agora no Eurochannel. Valeu a pena. Vê-se nele o que é a essência de um estadista. Herói da resistência na segunda guerra, ministro do governo Bidault, Monnet começa a organizar a CECA, a comissão européia do carvão e do aço. Quando mal fechavam as cicatrizes da guerra. (Não pude evitar o clichê). Para ele só funcionaria se a Alemanha fosse membro, e isso despertou ódio e rejeição gerais. Os franceses, ressentidos com a ocupação alemã (tem personagens e dramas laterais, o mais emblemático o da francesa que teve filho com oficial alemão), o partido comunista deles orientado por Stalin. Os industriais, com medo do parque industrial alemão. Pior para Monnet foi a rejeição de amigos que lutaram com ele na resistência. Indiferente a tudo isso, ele foi, humilde mas fixado no objetivo, debatendo com todos, um a um, para vencer a rejeição. Não conto o filme, isso é coisa de chato. O foco aqui é o estadista. Um homem que aprendeu as lições da História e as das guerras - e anteviu o milagre americano. E pensa na geração seguinte, não na eleição seguinte. Que tem generosidade, objetividade, sentido da missão. Não esquecer que a França vinha de duas guerras com a Alemanha - que perdeu feio na primeira, mas reergueu-se rapidamente para provocar a segunda. Os americanos estavam começando a transformar a Europa em mercado cativo, graças ao Plano Marshall. Monnet acreditava na Europa unida. O resultado está aí, a União Européia.
O Germinal liga de novo às 00:00. Ele é assim: aberto e assumido ao me denunciar, aberto e assumido ao indicar filme que toca minha paixão pela História. Obrigado, bom companheiro.