quarta-feira, 16 de maio de 2007

Um estadista

Cortesia do G. Poca, aquele missivista maquiavélico, num telefonema às 10 da noite: não perder o filme sobre o Jean Monnet, começando agora no Eurochannel. Valeu a pena. Vê-se nele o que é a essência de um estadista. Herói da resistência na segunda guerra, ministro do governo Bidault, Monnet começa a organizar a CECA, a comissão européia do carvão e do aço. Quando mal fechavam as cicatrizes da guerra. (Não pude evitar o clichê). Para ele só funcionaria se a Alemanha fosse membro, e isso despertou ódio e rejeição gerais. Os franceses, ressentidos com a ocupação alemã (tem personagens e dramas laterais, o mais emblemático o da francesa que teve filho com oficial alemão), o partido comunista deles orientado por Stalin. Os industriais, com medo do parque industrial alemão. Pior para Monnet foi a rejeição de amigos que lutaram com ele na resistência. Indiferente a tudo isso, ele foi, humilde mas fixado no objetivo, debatendo com todos, um a um, para vencer a rejeição. Não conto o filme, isso é coisa de chato. O foco aqui é o estadista. Um homem que aprendeu as lições da História e as das guerras - e anteviu o milagre americano. E pensa na geração seguinte, não na eleição seguinte. Que tem generosidade, objetividade, sentido da missão. Não esquecer que a França vinha de duas guerras com a Alemanha - que perdeu feio na primeira, mas reergueu-se rapidamente para provocar a segunda. Os americanos estavam começando a transformar a Europa em mercado cativo, graças ao Plano Marshall. Monnet acreditava na Europa unida. O resultado está aí, a União Européia.
O Germinal liga de novo às 00:00. Ele é assim: aberto e assumido ao me denunciar, aberto e assumido ao indicar filme que toca minha paixão pela História. Obrigado, bom companheiro.

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