terça-feira, 5 de junho de 2007

Jean Pierre Cassel, 75, adeus

Quem lembrou foi Gabriel Petrus, no blog Geometria. Zé Beto reforçou: "escreva pra você mesmo". Por isso, hoje cinema e atores. Dia 19 de abril morreu, aos 75, Jean Pierre Cassel, grande do teatro e cinema franceses. Pai de Vincent Cassel, ator, viciado em Brasil; feioso e talentoso - também na área feminina, tanto que está casado com Monica Bellucci, aquela lasagna a quattrocento formaggi. Está passando na tv um belo filme de Jean Pierre com Françoise Fabian, que está velha e linda, como só as francesas conseguem. É La femme cocquelicot, uma história de amor tocante entre a viúva Fabian e o artista e solteirão Cassel. Não é piegas, não é forçada. Cheia de lirismo e de humanidade. Adeus, Jean Pierre Cassel, e obrigado por toda a beleza que nos deu.

A mãe que mata

Nesta semana os jornais noticiam o drama de Colombo: a mãe comunicou à polícia o seqüestro da filha; logo em seguida descobriu-se que a criança morreu e ela tinha-se desfeito do corpo. Diz que foi morte acidental e já se fala em demência pós-parto. Aqui não se faz julgamento. Perder um filho é a maior das dores. E se a mãe ou o pai causou a morte acidentalmente, é a maior das penas. Coincidência de arrepiar: nesta semana uma das operadoras de tv a cabo vem passando Freedomland, filme de 2006, de diretor estreante - Joe Roth - em que Julianne Moore interpreta mãe que, como a de Colombo, provocou a morte do filho, escondeu o corpo e chamou a polícia. Samuel L. Jackson faz o policial que desvenda o caso. A carga dramática na interpretaçãode Julianne demonstra por que ela hoje é considerada a melhor atriz dos EUA. E Samuel sempre a mostrar que os negros são há muito os melhores atores do cinema americano.

O rabo do patrão

Dona Teresinha, lageana, italianona, desbocada e pavio-curto, governanta na casa-de-campo do especialista em vender fumaça. Governanta e casa-de-campo, truques deste único brasileiro, rico novo, ególatra e narcisista - nem Antonio Ermírio, o da Votorantim, faz assim; como nós outros, brasileiros e mortais, tem empregada. E tem chácara. Teresinha, mortal necessitado, suporta os ademanes do doutor imortal fumaça – quatro esposas não agüentaram, despirocaram. Gás vazando na casa-de-campo, odor que anula o adocicado perfume que aquele ego exala. Cobranças do poderoso a Teresinha, que repassa ao técnico, que nunca vem, adia, telefona e telefona com desculpas, sabonetão pedindo sempre a mesma informação – "onde, como, quando?" Na última, Teresinha acende o pavio, ainda que se exploda: "Vazamento onde? Não sei, não sou técnico. Pode ser da geladeira, pode ser do fogão. Pode ser até do rabo do meu patrão."

Spartacus

Sergio Botto, no Filosofando de ontem, fez a leitura comparativa entre Spartacus e seu, dele, nosso momento. Como todos fazemos, extraiu do filme aquilo que lhe tocou, a lealdade. Existiu lealdade - e risco pessoal e caráter - também de Kirk Douglas, ator protagonista e produtor do filme. Ele foi buscar Dalton Trumbo para fazer o roteiro. O macartismo estava sepultado há cinco anos, mas Trumbo ainda permanecia na lista negra dos supostos comunistas de Hollywood. O opróbrio (gostaram?) ainda rondava os artistas. Dalton Trumbo tinha que escrever sob pseudônimos para ganhar a vida; no filme assina como Howard Fast. Kirk Douglas insistiu em contratar Trumbo, mesmo correndo risco de ficar marcado em Hollywood. Isso, além de lealdade, é prova de caráter.

O tráfico de funcionários 4

A cessão criou a subcultura da manutenção dos salários, que se difundiu por todo o país e todos os poderes. O funcionário deixa seu cargo de origem, vai para outro que paga menos – e leva o salário maior, da sua origem. Parlamentares – e quando podiam (só tinha um até recentemente fazendo isso), até membros do M. Público – levam seus subsídios maiores quando se afastam para outras funções. O afastamento do mandato, por si só, é uma fraude ao sistema republicano e representativo. Nos EUA, nossa primeira fonte constitucional, o parlamentar que se afasta para assumir cargo público perde o mandato. Além de exigir funcionário para substituir aquele que sai, o sistema causa impacto orçamentário. Coisa simples de demonstrar: quando o salário é maior dizem que haverá ressarcimento, manda o decreto do governo Lerner. Até hoje ninguém me provou isso.
Na Sanepar, onde vivi essas coisas, tem uma conta da Assembléia, do Tribunal de Contas, de municípios, inclusive o de Curitiba; só a da Assembléia chegava aos R$ 3 milhões. Mandei para a Casa Civil, nada. Aliás, a Assembléia requisita funcionários da empresa e não faz ressarcimento, mesmo que a autorização da Casa Civil tenha vindo sob essa condição; ignora, simplesmente. Nos municípios tem lá uma cláusula nos convênios que prevê compensação com serviços por eles prestados à Sanepar. Além de problemas de contabilidade pública e responsabilidade fiscal, tinha e tenho dúvidas quanto ao cálculo e composição dos valores de tais serviços. Nesse rendez-vous de conta de um e conta de outro, quem sofre é a burra do orçamento, pois o dinheiro tem que sair de algum lugar, suprimindo outras despesas.
  • "É Rogério, vc fica ai sonhando enquanto o Stênio fica ganhando dinheiro. Vc sabe me explicar como surgiu o esquema de apadrinhamento em Maringá (?). Eu sei. Aqui em Maringá é só investigar as contratações de: Cesar Wessley, filho do gerente de Paranavaí. O Leandro, filho de Antonio Mauro, gerente da Sanepar de Apucarana, Tatiane, queridinha do Aredes gerente da Sanepar de Maringá. Este último e que faz toda a tramóia. Tu é macho, investiga." (Comentário no post de sexta, 1º. de junho, "Demissão na diretoria da Sanepar").

  • Corrigi o texto. Possivelmente de sanepariano de uma das gerências. É só mandar dados concretos sobre as contratações supostamente por nepotismo e eventualmente ilegais, que vou atrás, pois tem lei para isso. Quando diretor da Sanepar fiz o que pude, está tudo lá para ser conferido. O anônimo fala de Antonio Carlos Aredes Rosa, gerente de Maringá. Pois bem, informo o que fiz como diretor em situações em que Aredes esteve envolvido. Mais detalhes? – Peçam, pois cansei de falar à toa. Só sonho dormindo. E isso de macho já era. O que vale é ser decente.

Ao sanepariano anônimo 2

  • Denunciei Antonio Carlos Aredes Rosa, Reinaldo Antonio Fernandes e outros da gerência na ação civil pública 790/06, que corre em Maringá. Problemas de superfaturamento de preços nos anos de 1992/94. O M.Público moveu ação contra empregados demitidos e um que não foi demitido (Alinor Rodrigues Cruz). Aredes, Reinaldo e outros ficaram de fora do processo. Pedi ao juiz para todos serem incluídos. Foi no final de 2006. O caso foi investigado pela Sanepar e pela PGE em 1995, onze anos antes ! (processo administrativo conjunto 29/95). Punições: dois demitidos, um deles sobrinho de Aredes. Os demais, tapinhas nas mãos, a prática usual na Sanepar, seja qual for o governo. O problema da empresa é cultural. As diretorias e os governos caem nas malhas da estrutura corporativa – por inocência ou conveniência.

  • ·Denunciei Aredes de novo, por outro fato, na informação 4/07 DJ ao Conselho de Administração da Sanepar. Foi um de meus últimos atos, datado de 5 de março passado. Aredes fez um acordo de compensação tributária com o município. Valor: R$ 672.057,56, prejuízo para a Sanepar. Detalhe: 1) não consultou diretoria, nem conselho; 2) a lei em que se baseou para o acordo estava revogada na época; 3) como gerente não tinha autonomia para tal despesa. Lembro que na época os diretores só podiam autorizar despesas até R$ 16.000,00, individualmente. Pedi punição para Aredes. Se aconteceu? - Não sei. Duvido.