segunda-feira, 14 de maio de 2007

Te cuida, Dinelson

Pode? Li há pouco na edição eletrônica do El Pays, o grande diário espanhol: Giuly, do Barcelona, foi vetado na seleção francesa. Motivo: mandou um torpedo em que cantava uma gata - gatíssima; vi a foto no jornal, aquilo já não é gata, é uma pantera, felina mais poderosa. Acontece que a gata era nada menos que a mulher do Domenech, técnico da seleção francesa. Com essa fiquei esperto e mandei recado ao Dinelson, nosso menino do grande, magnífico, extraordinário, inexcedível Paraná Clube: chega disso de ligar aqui pra casa quando eu não estou e ficar discutindo a escalação do time com a patroa.
Sabem o que o Giuly disparou no torpedo para dona Domenecha? - A senhora trai seu marido?
Ô povo quadrado, esses franceses.

Zenaida articulata

Que tal o nome? Não, não é deputada do norte do Brasil. É a classificação ornitológica dos pombos silvestres, que vêm atormentando o vigário da principal paróquia de Ribeirão Preto, SP. Os bichos são terríveis, pois passam doenças sérias, além de fazerem aquele estrago escatológico na igreja e nos bancos da matriz. O padre até ameaçou: vai soltar macacos e até falcões para darem sumiço à rebor, digo amargosa - é o outro nome dos ditos pombos. E a gente aqui criticando o condado parnanguara por querer fazer o mesmo, mas com métodos, digamos, politicamente corretos. Não é hora de deixar essa imprensa amargosa e fofoqueira de lado e seguir o exemplo de Ribeirão Preto? Talvez soltando lá alguns gatos.

Habemus papa

E que papa! Lembra um pouco o Inocêncio XIII, que reinou a partir de 1721 - e teve cinco papas na família antes dele. Era nepotismo por merecimento. (Não posso falar mais porque emprestei minha enciclopédia dos papas a um amigo, que ainda não devolveu. Não dou o nome porque o cara é da oposição. Só concordamos quanto à Igreja). O nosso Benedito XVI (não gosto de Bento. Bento pra mim só o Monteiro Lobato, que também foi empreiteiro em S. Paulo, mas de livros. E Benedito, vá lá, tem uns por aí meio esquisitos) me conquistou ao dizer que Igreja e política não se misturam; que capitalismo e socialismo são farinha do mesmo saco. Estou em dúvida naquilo de abstinência dentro e fora do casamento. Dentro tudo bem, é até normal. Mas fora? Devagar com o andor. Falei do Inocêncio. Ele enquadrou os jesuítas, os primeiros políticos da Igreja, tanto que flexibilizaram a teologia para ganhar adeptos e poder. E abriu espaço para o jansenistas, que queriam, como Benedito, a fidelidade aos dogmas. Falta um tiquinho pra eu voltar a confessar e tomar comunhão. Se confesso pra deputado, por que não posso confessar pro Paulo Botas, por exemplo? Quem já sorveu o ar de uma sacristia não esquece. É como o primeiro De Millus. Se o Benedito restabelecer a missa em latim podem saber: estou na primeira fila ali do Perpétuo Socorro. Na missa das quartas à tarde, que ninguém é de ferro.

Nelson Justus, me desconvide, por favor

Deputado Nelson Justus
Não sei se V. Excelência sabe, mas fui advogado de seu pai. Num casinho bobo, despejei inquilino dele. Nem quis cobrar. Ganhei de presente o dicionário jurídico de seu avô, grande Plácido e Silva - só podia ser alagoano -, que guardo com carinho e consulto sempre. Fui também seu calouro lá na Federal. O que me traz a V. Excelência é um pedido: me desconvide pra depor. Mas se não desconvidar, eu vou, pois é falta de educação recusar convite de gente importante. E para um dever cívico então não penso duas vezes.
É que a barra pesou pra mim, deputado. E não começou agora. Vem de antes. Se V. Excelência tiver tempo, peça à assessoria para imprimir a teoria do caos (3) neste blog. Continuou em janeiro, quando o secretauro Iatário - perdão, sofro de dislalia: é secretário Iatauro - tascou-me uma sindicância porque encrenquei com advogada bem posta no governo. (Um dia o secretauro, digo, secretário, me explica o que fez com seu curso de direito, seus trinta anos de magistrado e sua experiência nisso de abrir sindicância contra quem não é seu subordinado). Daí veio a tal carta, atribuída ao pobre Germinal Poca - pra sorte dele, como seu conterrâneo Obelix, ele também mergulhou na poção do druida e ficou tão forte que continua aguentando tanta saca, perdão, malvadeza contra ele). O povo do outro lado - não do seu, o senhor é magistrado, por isso independente e acima dos partidos - é jogo duro. Uma funcionária minha na Sanepar abriu outra carta endereçada mim lá atrás, quase um ano. Abriu por "acidente", veja só. Deve ter tirado cópia e entregue para os maus companheiros do Sergio Botto. Eles guardaram pra usar na hora certa. E a hora certa chegou, deputado. Teve até gente terceirizada entregando nas redações, veja só. Amigos - já estão escasseando; o Botto, então, tá comigo que nem aquele gorila da anedota: não telefona, não manda carta, nem recado - já sugeriram colete à prova de balas. Tem um aí, sabendo que gosto do Frank Sinatra, que até mandou aquela música que diz "don't you know, little fool, you'll never can win. Use your mentality, wake up to reality". Pedi pra me traduzirem, deve ser música do tempo do McCarthy, aquele senador que pegou os comunistas lá nos EUA em 1952. E eu, logo eu, burguesão até a medula, sendo tratado que nem comunista. Se o senhor não me desconvidar, pelo menos podia pedir para o secretário da nossa Segurança conseguir um PM ou um colete desses pra mim?
Atenciosamente,
Rogerio Distefano
PS. Ao contrário do que andam dizendo eu não sou da oposição. Detesto a oposição. Tanto detesto que sou orgulhosamente o décimo-milésimo eleitor do seu, do meu, do nosso governador.

Teoria do caos (4)

Só para encerrar a série Caos. A ex-gerente de comunicação da Sanepar e eu temos algo em comum: gostamos de numerologia; eu por causa de Pitágoras; ela, crente na Cabala. No mais, não vejo nenhum sentido místico nos números. É que gosto de números pares - daí o capítulo 4 da teoria. No entanto, acabei aprendendo que o caos é também uma estratégia de administração. De larga aplicação em empresas do Estado. Ao invés de corrigir os erros do passado, vamos usar as mesmas técnicas. E os mesmos operadores - que nunca mudam, naquele estrato da alta administração profissional. Vide o Paranasan. Transparência, controle, eficiência só complicam. A estrutura não se molda pela relação entre a área e a função. Pode ser a regra, mas as exceções são curiosíssimas. Querem ver? Por que a gerência do Paranasan ficou subordinada à presidência? O lugar dela é a diretoria de investimentos. Vá lá que a comunicação social seja do presidente. Afinal ele - em tese - executa a política da empresa. Mas a área de auditoria interna na presidência? Isso é próprio do conselho de administração.

Teoria do caos (3)

Na crítica às despesas da comunicação social até que peguei leve. Mas na Sanepar só valia elogio. Não gostaram quando perguntei se conheciam a regra da impessoalidade, que está na constituição, tamanha a difusão no Diálogo à pessoa do presidente. Perguntei à gerente da época - aquela que saiu em janeiro passado, depois que o presidente do Conselho, Botto, pediu relatório sobre as despesas. (Afinal, começaram o inquérito? Terminaram o inquérito? Pode perguntar? Ou ofende?). A resposta veio protocolar, mas pesada: que perguntasse ao governador. Outra delicadeza, infantil não fosse maldosa: na edição seguinte do Diálogo (sempre com o mesmo luxo de impressão) veio uma foto minha. Descobriram que eu estava com ciúmes, também queria aparecer. Logo eu, feio como sou. Coincidência das coincidências, um desses jornais das reportagens de hoje deu três dias de notinhas ameaçando pessoas não nominadas de divulgação de dossiês - as pessoas eram facilmente identificáveis como o Botto e este que vos escreve. Por favor, queria eu, não acabem com o Diálogo, pois na Sanepar impera a superstição do resolvido: por que mudar o que existe há tanto tempo? Só usem o formato e o papel usado no tempo do Lerner. Daí entendi: se o Lerner oferece estrogonofe, nós oferecemos caviar.

A teoria do caos (2)

Quando bati as asas na Sanepar para reclamar dessas despesas - isso em junho de 2006 - eu só pensava no absurdo de ter lá uma revista bimestral, o Diálogo, distribuída internamente, com papel caro e impressão luxuosa, colorida, edição de 7 mil exemplares custando perto de 35 mil. Ah, sim, com farto registro fotográfico das andanças dos diretores, mostly o presidente. Além da revista, tem um portal de notícias e xeroxes diárias para diretores e gerentes da imprensa. Os diretores ainda recebiam até quatro jornais diários e revistas semanais. Fiquei chocado com o custo de uma gerência, a de comunicação social, com um terço dos funcionários de minha diretoria, sendo apenas 30% inferior ao desta. E a falta de eficiência da comunicação social no responder a tanta crítica na imprensa da Capital e interior aos problemas ambientais causados pela empresa. Falava isso para o Manda-Chuva, falava para o Batatinha. Nada. Virei o Guarda Belo deles lá. Quando levei para o Conselho de Administração - o presidente Botto autorizou que incluísse em pauta - foi o maremoto. Mexi na área sob supervisão direta do presidente da empresa, com crítica que podia respingar no diretor financeiro. Mas só porque o meteorologista do MIT aqui questionava eficiência e custo? Isso não é natural numa empresa? Não é normal na administração pública? Comecei a ver que lá vigorava um outro padrão de normalidade: a deles.

A teoria do caos (1)

A teoria do caos começou com estudos matemáticos para pesquisas climáticas. Coisa de 1955, lá no MIT, nos EUA. Uma diferença de números pequenos no cálculo pode levar a um desdobramento incontrolável de efeitos. A explicação didática: uma borboleta bate as asas no Ceará e provoca um maremoto na Indonésia. É o efeito borboleta. Isso me veio quando pensava no imbróglio das despesas do governo com os jornais, hoje de novo na imprensa, e com números. Alguém digitou errado algumas cifras dos PADV e veio o maremoto na imprensa. Claro que é proibido falar, pois impera o dogma da probidade absoluta, inquestionável, todos são santos e corretos - menos os que denunciam às claras (anonimamente, já pode tudo). A gente fala, fala, nada vai acontecer, talvez mudanças cosméticas, como diria o príncipe de Salinas, "é preciso que tudo mude, para que fique como está".