sábado, 26 de maio de 2007

São Pedro Fedalto

Peço absolvição a Dom Pedro se a história não aconteceu. Ele não vai me negar, homem bom e santo que é. Minha fonte é confiável e honesta, também católica e praticante, e se errou foi de bispo, não no fato. Dom Pedro vai à consulta regular em seu médico - daqueles antigos, foi até contemporâneo de Dom Pedro no seminário, eram na verdade amigos. Nenhum deles uma criança, já tinham virado a curva dos 70 anos. O doutor X (sem nome aqui, que este não perdoa, mesmo tendo feito seminário) manda Dom Pedro se despir na sala ao lado, enquanto permanece no gabinete examinando a ficha médica de nosso arcebispo. Tempo passa, dez, quinze, vinte e cinco minutos, Dom Pedro com menos roupa que aquela com que livrou-se do pecado original, fica preocupado. Vai procurar o médico-colega-amigo e o encontra dormitando no gabinete. Pressão baixa. Dom Pedro veste-se silenciosamente para não acordar o doutor e calmamente volta ao seminário, onde vive hoje, aposentado, em humilde prática apostólica e santa devoção cristã.

Atores japoneses

Nada do óbvio, como falar de Toshiro Mifune, a quintessência dos atores do Japão, dos antigos o único que acabamos conhecendo. Deve ter tido iguais, ou até melhores. Mas daqueles que ainda estão aí , e a quem só não conhecemos por causa do imperialismo das distribuidoras e do comercialismo das locadoras, que nos impingem uma batelada de americanos. Procurando bem naquelas salas escondidas das locadoras vamos encontrá-los. Alguns nomes. Ken Takamura, 76, que trabalhou com Michael Douglas num policial de 1989, Black Rain. Takeshi Kitano, 60, também diretor, produtor, roteirista, que conhecemos também de um policial, Brother (2000), cuja história se passa em Los Angeles. Kitano lançou filme em Cannes neste ano. O excelente Ken Watanabe, 48, que fez o papel do Último Samurai (2003), com Tom Cruise, e o Batman begins (2005). E tem agora este último, que é sublime, o Kôji Yakusho, 51, em Babel (2006) e Memórias de uma gueixa (2005, lançado no Brasil). Kôji é uma espécie de Montgomery Cliff, atores da estirpe dos que só precisam do rosto para passar toda as emoções exigidas no papel. Ele foi o protagonista do Shall we dansu (1996), tão fantástico que deu remake americano (Shall we dance? 2005) com Richard Gere no mesmo papel. No Babel ele é o pai da garota desesperada para transar. (Aliás, o trecho que se passa no Japão é até dispensável no Babel. Mas pela intensidade dos personagens e o desempenho dos atores por si só renderia um filme).
Atrizes japonesas? Noutro dia, noutro post.

Japa Matador

Chama-se Maurício, codinome Japa Matador. Quase um menino, não tem nada de japonês. Bem, tem lá alguma coisa. Já Matador, os amigos dizem que sim. É viciado em mulher, que nem na música de Gilberto & Gilmar. Não faz distinção de raça, credo, cor, altura – e idade. Tem um fraco pelas orientais, daí o Japa. Vem de leve, conversa mole, fingindo inocente. E ganha todas – é o que diz; não conferi. Fissurado nas mais velhas, daquelas que podiam ser tias - da mãe dele. Freud explica. Pois não é que dia destes nosso herói vai ao médico (ao pediatra? perguntei). Sala-de-espera lotada, só aquela cadeira vazia. Ao lado, a oitava maravilha: morena, 1,75 (palavras dele: "maior a mulher, maior o desafio – que nem o Himalaia"), olhos verdes, 48 conservadíssimos, saradíssimos, tudo no lugar, roupas da Zara, emitindo um boticário de última geração. Deu liga na hora, o chinelo velho pro pé cansado, a tampa da panela, etc. Embalado, solto no piloto automático, convite pra sair, troca de signos, celular (endereço jamais), a morenaça sapeca aquele "o que você acostuma fazer no sábado de noite?". Pausa dramática. E daí? a turma quer saber. "Micou geral!" O Japa, além de Matador, é peneirento, exige português – diz ele – "castiço". O cara não se enxerga.