quinta-feira, 28 de junho de 2007

MAX com novo endereço.

O MAX está agora no saite maxblog.adv.br. Está linkado no bemparana.com.br, por onde pode ser também acessado.

Lá e cá

O "Senado não pode continuar (...) fedendo", declarou ontem o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ao insistir numa solução transparente para o caso Renan Calheiros. Dispensa comentário, pois disse tudo. Jarbas, Jarbas, aqui no Sul é de dar náusea.

Pode sim, Mônica

“(…) tenho duas meninas e a rua para andar. E o meu corpinho. Viver de corpinho eu não posso” – da gravação das conversas entre Mônica Veloso e Cláudio Gontijo, quebra-galho de Renan Calheiros. Gravações divulgadas por Pedro Calmon, advogado dela. Pode viver do corpinho, e muito bem. E ainda livrar uns trocados fazendo grampos.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O MAX errou, de leve

O release do Mãos Limpas não é da Agência Desnotícias. É de araponga-companheiro, daqueles que dão o tapa com a mão do gato. Recebi dois desses tapas e sei como acontece. Mas que veio de uma agência, isso veio – e não é bancária, nem dos correios. Se a forma é falsa, o conteúdo é verdadeiro: conferir com a coluna de Fábio Campana, no Estado.

As mãos sujas de Sergio Botto. De ingratidão

Mãos Limpas

  • Requião constata imperícia em ações de Botto de Lacerda O governador Roberto Requião começa a desconfiar que não era tão bem assessorado juridicamente como imaginava quando o procurador-geral do Estado era Sérgio Botto de Lacerda. A desconfiança começou durante o encontro com o advogado geral da União, JoséAntônio Dias Toffoli, em Brasília, acompanhado da nova procuradora, Jozélia Broliani. Segundo o advogado da AGU as ações judiciais movidas pelo Paranánão poderiam prosperar por inépcia jurídica. Requião tem sido alertado que também se deve a imperícia técnica o fato denão terem prosperado as ações que o governo do Estado moveu contra Mário Celso Petraglia, Giovani Gionédis e Jaime Lerner nos escândalos da Divalpar e Olvepar.
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    Isso aí de cima é release da Agência Desnotícias, distribuído na segunda-feira às redações. Tão sério e confiável que ninguém publicou. Como 1 + 1 dá dois, somando com a coluna de Fabio Campana no Estado do Paraná de hoje, a conclusão é que Jozélia Broliani, procuradora geral do Estado, conferiu e abonou o cálculo, pois ela estava no Mãos Limpas.

    Se foi assim – se Jozélia não desmentir – foi um tiro no pé de todos os procuradores do Estado.
  • No de Botto, no meu. Pior, no dela também. Botto anos e anos foi advogado criminal e eleitoral dativo de Requião. Incompetente. Como procurador, Botto salvou Eduardo Requião de muitas enrascadas no Porto de Paranaguá – eu estava lá, vi tudo. Botto evitou descalabros na Sanepar. Sempre incompetente, com "imperícia técnica". Eu então, nem se fala: depois de todas as tentativas do consultor externo, consegui liminar para retomar o controle da Sanepar. Me defendo: tenho sorte, não tenho juízo e sou burro.

  • E que dizer de Jozélia Broliani? Na gestão Botto na PGE foi a principal assessora, o cérebro consultado o tempo todo por ele; o estrategista primeiro de todas as suas ações. Tão próxima que assumiu a PGE indicada por Sergio Botto. Naquele tempo ele não era imperito? Ela não foi também imperita? Ouviu críticas e deixou o Botto ao relento, negou sua origem bottiana?

  • Escândalos Olvepar e Divalpar, é melhor o governador se informar melhor. O governo Lerner teve na condução desses casos a assessoria decisiva – não há como negar – da PGE. Os mesmos procuradores que atenderam os casos no governo Lerner estão hoje em altas funções no governo Requião.

    E a presidente da Associação dos Procuradores do Estado hoje gastou dinheiro dando café para os deputados, tentando fazê-los entender da idoneidade das medidas do governo sobre os remédios. Doutora Vera Grace Paranaguá Cunha, como ficamos? Que nem mulher de malandro, que apanha calada?
  • Já o advogado geral, Dias Toffoli, mostrou que é daqueles advogados que não aprenderam que desmerecer o colega adversário só diminui o valor de sua vitória e de sua qualidade profissional. Todo advogado tarimbado sabe disso. Mas quem é Dias Toffoli? - Funcionário do PT, como tantos, que chega ao cargo pela burocracia do partido. Não consta que ele tenha o vulto de um Caio Tácito, um Seabra Fagundes, um Luis Gallotti, um Paulo Brossard, um Nelson Jobim, que foram advogados-gerais antes dele.

MAX de endereço novo

O MAX está com saite e endereço novos: maxblog.adv.br. As postagens por algum tempo virão neste e no outro. O novo tem mais recursos e é interativo. Apareçam.

O boi voador

Quem foi que foi que falou que não tem boi voador?
Aeroporto, espera interminável, já relaxado, quase gozando, comecei a ouvir a conversa dos dois sujeitos atrás de mim. Pelos sotaques, um devia ser goiano e o outro catarinense. Transcrevo de ouvido: "pô, quase pegam a gente. Na nota eram doze, mas o carinha da fiscalização dizia que só tinha oito caminhões com a boiada limpa, congelada, pronta pra mandar pra Europa. Não eram os de sempre, esse era novo ou queria entrar no esquema. Tivemos que chamar o meu diretor e o seu, os dois vieram de helicóptero pra acertar a encrenca". O catarina pergunta: "os outros quatro eram aqueles de sempre? " "Sim", diz o goiano, " já foram para a sua rede, recebemos em dólar, a clientela tá pagando em real e já deve ter comido o churrasco".

O pivô da múmia

DNA é maça! O teste feito no molar de quase quatro mil anos foi decisivo: era a múmia da rainha Hapseshut. Não propriamente rainha, rainho talvez. Gordona, diabética, vestia-se de homem, tinha - ou aplicava - barba e exigia ser chamada de faraó. Não há registro, ainda não se sabe se aquela sandália numero 43 era dela ou da assessora, sepultada na mesma câmara.
Não fosse difícil, pois tem que contratar advogado e ir à Justiça, eu pediria que o secretário de Saúde pagasse o exame de DNA de um pivô, que achei em minha sala da Sanepar - e que guardo até hoje (usei luvas para recolher). Nunca soube de quem é, mas desconfio. Foi logo depois que repeli um mandão que me pedia para aprovar pagamento esquisito. Só sei que era quase uma múmia. Também diabética. Daquelas de filme de terror.

Italianos sem imaginação. Brasileiros espertos

Me deu vergonha de ser oriundo. Em Volterra, Itália, a Fortezza Medicea, presídio de segurança quase máxima, foi transformado em restaurante. Ladrões, homicidas, espancadores de domésticas, cozinham, servem as mesas, montam cardápios. O metre, pasmem, é ladrão de bancos, em perpétua. E tem lista de espera para atender a italianada, que quer conhecer os mafiosi e os malavita.

Povo burro esse italiano. No Brasil temos isso há anos, e cada vez funciona melhor. Há pequenas diferenças, por exemplo: o cardápio não é tão rico – aqui só servimos pizza; não é num presídio – é em todos os executivos e legislativos do país; e o pessoal dos restaurantes aqui ainda não foi preso. No resto, é tudo igual.

As tartarugas ligeiras e os funcionários vagais

Lembram a história? O sujeito era tão devagar que se dessem duas tartarugas para ele cuidar, uma com certeza escapava.
O governo do Paraná segue o figurino. Todo secretário é o controlador dos funcionários de sua área. O mesmo com os diretores de estatais. Ao lado deles, também no Executivo, o melhor dos controles, o da Secretaria de Planejamento, que também é de Gestão, fiscalizando os gastos. Em paralelo, o Tribunal de Contas também controla. Um é controle interno, outro externo.
O governador tem tamanha obsessão pelo controle que criou a SEOGE, auditoria e ouvidoria. Não satisfeito fez a Secretaria Especial de Controle, a ser tocada pelo vice-governador, quase detonado pela SEOGE. Para ficar seguro, o governador entrou na dança e assumiu o controle do controle do controle do controle: não faz outra coisa senão controlar - e assinar, assinar, assinar grandezas e miudezas. Deu até para arbitrar dissídio de funcionários da Sanepar, cuja diretoria está descontrolada.
Dias desses o governador veste farda (de general, para ficar acima dos coronéis) da PM, monta um daqueles alazões da corporação e faz patrulha a cavalo. E nos controla.
Entrou mais um agora no controle do controle do...: o Ministério Público, inovação que desta vez não foi do governador, mas do conselho de administração dela, sim, da Sanepar, emblemática do descontrole.
Tartarugas demais ou sujeitos vagais de menos?

terça-feira, 26 de junho de 2007

Elisabeth Bonamigo. Duquesa austro-brasileira

Devemos muito a uma senhora austríaca: a Imperatriz Leopoldina, hoje esquecida, todos pensam que é a escola de samba. Nada disso: foi mulher daquele maluco adúltero, dom Pedro I, mãe do Pedro II, que deixou menino no Brasil. Devemos homenagens a outra senhora austríaca, que mora ali no Pilarzinho: dona Elisabeth Bonamigo. Veio adulta de sua Viena natal; bem casada com o procurador Vanderlei Bonamigo, com ele gerou duas lindas e brilhantes filhas. Dona Elisabeth tem porte de duquesa Habsburgo e energia do Príncipe Metternich – aquele que passou a perna em Napoleão, o outro, o Bonaparte. Passou um mês na Áustria com Vanderlei e quase derrubou o governo. No aeroporto, o compatriota não vinha vedar suas malas. No Brasil, "o serviço é 24 horas", rosnou dona Elisabeth naquele alemão de Strauss. Foram à Ópera, ela e Vanderlei. Paramentados, traje quase de gala, e do lado o vienense fedido, sandálias-de-dedo (a falta que o Bento Azambuja fez), teatro sem ar condicionado. Suando canecos de chope, lencinho no nariz, dona Elisabeth começou o discurso: "no Brasil, teatro é diferente". O fedido pirulitou. Pior foi com a mulher do mercadinho, onde ela e Vanderlei todo santo dia vienense compravam garrafas de água. Um mês depois a dona do mercado diz a Elisabeth que não precisava pagar o preço do casco (até hoje não sei porque se fala assim); bastava trazer as garrafas vazias. Pra quê. Dona Elisabeth desembainha o sabre: "só me avisa agora? No Brasil a gente recicla as garrafas".
Gesundheit, Frau Bonamigo. Wir lieben Ihnen!

O empresário Ludovico e a "prostituta" Sirlei

Anotem nomes e qualificações: Ludovico Ramalho Bruno, empresário naval, pai de Rubens Arruda, um dos universitários que no Rio de Janeiro espancaram a cidadã, casada, mãe e empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto. Assim, sem nada, só de pândega. Acharam que a moça era prostituta. O pai entregou o esconderijo do filho, mas reclamou da prisão. Disse Ludovico (Folha de S. Paulo, edição de hoje, Cotidiano):
Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos...Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores.

Pois é, seu Ludovico. Há diferença entre seu filho, os amigos e os "outros bandidos"? – Existe, sim, os "outros bandidos" até mostram caráter. O estudo? – Por favor, estudo não faz o caráter de ninguém. Se fizesse, os políticos teriam lugarzinho reservado no céu, autenticado pelo TRE. O senhor está é com medo que os "outros bandidos" transformem seu filho e os amigos em prostitutas – e pior, nem paguem. "Crimes piores"? – Sim, existem, seu Ludovico. Se os moleques batessem na sua mulher e na sua filha seria bem pior.
E parabéns pelo ato-falho: "outros bandidos" diz tudo.

Banco Regional de Brasília - o Banestado deles

José Roberto Arruda (DEM-DF), governador do Distrito Federal, fala em privatizar o Banco Regional de Brasília, o banestado deles. Só agora, quando explodiu o saque de R$ 2 milhões feito pelo presidente do banco em favor de Nenê Constantino, presidente da Gol – apenas para aquela operação corriqueira de emprestar uns trocados para Joaquim Roriz, então governador do DF. Se abrissem as caixas – o termo correto é impublicável – dessas Pandoras...
Não ia acontecer nada. Nunca acontece.

Pizzaria Rebouças - Paraná são?

Essa é de cabo-de-esquadra, como na piada portuguesa, do militar que dá tiros sem definir o alvo. O conselho de administração da Sanepar decidiu ontem mandar para o Ministério Público o relatório da sindicância sobre as irregularidades do Paranasan. Aquela do post de ontem, já duvidando do resultado. Não deu outra. Vamos por partes.

  1. O relatório devia ficar pronto ali por 16 de janeiro. Prazo dado pelo presidente anterior do conselho, Sergio Botto. Saiu ontem, seis meses depois.

  2. Não foi lido, o dito relatório. Vai ser discutido em 9 de julho próximo, está nos jornais de hoje. Por que? – Receio de vazamento? Estranho, muito estranho.

  3. Mas o presidente do conselho foi severo, muito severo. Falou das irregularidades, coisas de arrepiar. Isso vazou.

  4. Para que serve uma investigação, ou procedimento administrativo? – Vamos usar termo técnico, afinal o presidente do conselho é um grande professor de direito administrativo. A investigação, perdão, o procedimento, serve para (1) saber com segurança o que aconteceu e (2) definir encaminhamentos, que são dois numa situação dessas: (a) cobrar os prejuízos e (b) punir os responsáveis.

  5. O que aconteceu? – Um tiro fora do alvo, coisa de cabo-de-esquadra. O conselho mandou para o Ministério Público. As justificativas: (1) o Ministério Público está bem adiantado nas investigações da Sanepar e (2) se as punições fossem aplicadas, os altos funcionários investigados iriam revertê-las na Justiça do Trabalho.

  6. Justificativa pífia 1. O Ministério Público não tem qualquer investigação "adiantada" sobre a Sanepar. A promotoria do patrimônio público, que cuida disso, não tem gente, não tem técnicos e tem serviço demais, não dá conta de tudo. Dou exemplo: uma investigação da Sanepar, de fatos de 1992 (superfaturamento na gerência de Maringá) terminou em 1995. Sabem quando o MP entrou com a ação para punir e cobrar? – Em 2006. Assim, a investigação do Paranasan previsivelmente vai chegar na Justiça em 14 anos. (E não é culpa do MP. É que ele hoje é a salvação da lavoura e a desculpa para fugir da responsabilidade; vide caso Renan Calheiros).

  7. Justificativa pífia 2 . Os funcionários investigados podem reverter as punições na Justiça do Trabalho. Claro que podem, e daí? – Como diz o presidente do conselho quando quer desmontar um argumento jurídico, "até meus alunos do terceiro ano sabem disso". Não estou dizendo que o presidente é despreparado. Ao contrário, ele é inteligentíssimo, preparadíssimo. Qualquer punição do empregador ao empregado pode ser levada para a Justiça do Trabalho – aliás, está na Constituição. Se esperarmos a ação do Ministério Público, no andar da carruagem lá por 2020, os funcionários estarão aposentados – e queira Deus com saúde e patrimônio. Mas "até meus alunos do quarto ano" (lecionei direito do trabalho) sabem que não havendo imediatidade entre a falta do funcionário e a punição do empregador ocorre o perdão tácito. Numa empresa do Estado, num caso destes, importa mais o exemplo que o presumível, eventual, remoto - e esfarrapado - prejuízo.

  8. Justificativa pífia 3. Então os advogados da Sanepar são uns bananas, incompetentes, contaminados pelo espírito-de-corpo: vão perder os processos. Vai dar grande indenização. Eles têm medo de pagar mais uma, como aquela do presidente Ceneviva, despedido no governo Lerner, que levantou mais de um milhão. E hoje está na alta assessoria de Stênio Sales, o Jacob. Mas dá para terceirizar o atendimento dos processos dos funcionários, pagando R$ 70 mil mensais para um escritório externo – era assim antes de Sergio Botto detonar o contrato. E manter todos os advogados internos – que hoje fazem o mesmo serviço do escritório externo; e que estavam lá o tempo todo.

Pizzaria Rebouças - e o pizzaiolo?

Não leram o relatório. É secreto. Pelo jeito, cabeludo. Mandaram para o MP. Neca de punição. Em 2020 nós acertamos as contas. Quem era o responsável pelo Paranasan, aquela gerência sanepariana das irregularidades e da investigação interna? – O presidente da estatal, Stênio Sales Jacob. O Paranasan, a Comunicação Social, a Auditoria Interna – a que fez o relatório secreto – são áreas de sua supervisão direta, suas províncias naquele imenso condomínio chamado Sanepar.
O relatório não disse nada sobre o presidente? Então só o promotor Odoné Serrano Júnior vai saber? E o princípio da transparência, que se ensina no terceiro ano do curso de Direito?

Sanepar - dissídio ou descaso?

Já sabemos: os trabalhadores fora, os diretores, gerentes e assessores dentro da sala do Governador. Não para a negociação, vamos ao dissídio, o governador bateu o martelo. Convencido de quê, por quem? – O governador, como sempre, escutou o sujeito, o predicado, e na hora dos complementos parou de ouvir, tinha opinião formada. Posso esclarecer?

O que aconteceu e frustrou a negociação com os trabalhadores? – Disputa de poder, de egos na empresa. As negociações com os trabalhadores, lá no primeiro governo, eram conduzidas pelo diretor financeiro, velho aparatchik requianista. Fui testemunha: sem jeito para tratar com sindicalistas. Não vou fuxicar repetindo os adjetivos. Todos conhecem, eram aqueles de sempre.

A leva de derrotados trouxe os deputados, entre eles Natálio Stica, sindicalista petista et pour cause dono da ciência e do coração dos trabalhadores. Greve é coisa de PT. Greve na Sanepar, chama o diretor Stica, que alegremente assume a negociação. Como diretor comercial. Sem problema, antes era o financeiro. Não é questão de semântica, nem solução. É ocasião e não reeleição.

Stica começou bem. Detonou a primeira proposta, aquela que dava aos trabalhadores o que a diretoria havia aprovado para si mesma. Veio uma segunda, aquela de dar os 3% mais R$ 50 para pagar duas cervejas. Nessa Stica assumiu o ônus. Nada. Greve e dissídio. Vem a terceira, de sabor Requião-velho-de-guerra, aquele da prefeitura e do primeiro governo, o saudoso líder dos anos 90: a inversão da pirâmide, mais para os que ganham menos, menos para os que ganham mais.

Neste momento o esgoto foi pro brejo. A gerentada, a assessorada, a parentada bem postada (na Sanepar tem dinastias familiares) estrilou. Naquelas assembléias de sindicalistas sem traquejo, cevados nas estatais, os bem postos derrubaram a proposta. Não dá para quebrar a hierarquia, que nem no Exército. Onde se viu soldado ganhar mais que coronel? Quem estimulou essa gente? – Releiam o primeiro, o segundo e o terceiro parágrafos.

Desculpem o exibicionismo, mas explicar só em alemão: schadenfreude – o prazer de ver a desgraça do outro. Que outro? – Resposta no terceiro e quarto parágrafos. Como sempre existe um vilão, é preciso ter um vilão. Quem foi eleito vilão, denunciado em baixo profundo – e não pelo governador, que é um barítono dramático? – O vilão é o leiturista, o carinha que lê a conta do medidor, que conversa com o cliente-cidadão, que leva para a Sanepar a visão das ruas. Que ganha pouco, uma merreca, comparado aos assessores, aos gerentes, aos diretores. O leiturista, que voltou para a empresa, corre o risco de ser novamente substituído pela empresa terceirizada, uma empreiteira qualquer, sonho dourado da corporação.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Sanepar - hoje é o dia?

Todo dia é dia de São Tomé aqui no MAX: tem que ver para crer. Na Sanepar sempre é dia de São Francisco, do "é dando que se recebe". Vem da límpida, cristalina e perfumada estatal a informação de que hoje o conselho de administração vai conhecer finalmente o resultado do inquérito Paranasan. O inquérito é aquele que Sergio Botto mandou abrir no final de novembro do longínquo 2006 para apurar irregularidades na poderosa, intocável e insuspeita gerência da unidade gestora das obras de saneamento de Curitiba e litoral. O inquérito devia ser concluído em trinta dias - prazo fatal imposto por Botto. Foi fatal para ele, Botto. Stênio Sales, o Jacob, só abriu em final de dezembro, tempo necessário para dar mais uma gerência para o gerente investigado. (Faro fino, o xeque da Rebouças pressentiu a queda de Botto). Os trinta dias transformaram-se em 210. Oremos para São Tomé. E esperemos o generoso perdão que só o governador sabe dispensar.

Oração de São Tomé

São Tomé sempre pregava com a Bíblia aberta no Livro de Jó, nunca desviando do capítulo 21, no versículo 7. Também era o predileto do pastor Tchursthenthaler, lá no Ginásio Adventista. Oremos pela Sanepar. E por nós todos.
Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder?
A sua semente se estabelece com eles perante a sua face, e os seus renovos perante os seus olhos.
As suas casas têm paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.
O seu touro gera, e não falha, pare a sua vaca, e não aborta.
Fazem sair as suas crianças, como a um rebanho, e seus filhos andam saltando.
Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e alegram-se ao som dos órgãos.
Na prosperidade gastam os seus dias, e num momento descem à sepultura.
E, todavia, dizem a Deus: retira-te de nós, porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.

Ouvidoria do Estado. Oficina. Corrupção

Nossa eficiente e implacável SEOGE, sigla algo cabalística para identificar a Secretaria Especial de Ouvidoria e Corregedoria Geral, vai receber "em oficina" o prof. Jean Cartier-Bresson, da Université Versailles Saint Roman, para debater a corrupção. O jornal Estado do Paraná de domingo relata que toda a administração está convidada. Vai lotar o auditório. Ou não. O economista Cartier-Bresson, não foi divulgado, tem um currículo e tanto. É diretor da Revue Française de Finances Publiques, que circula regularmente com excelentes estudos. Recomendaria que a SEOGE extraísse da RFFP, n. 69, abril de 2000, o excelente estudo de Cartier-Bresson sobre "A análise dos custos econômicos da corrupção". O Paraná vai aprender ali como tapar rombos orçamentários. Mas o melhor da RFFP, na mesma edição, está no editorial: Michel Bouvier escreve sobre "as novas figuras da corrupção e a evanescência das finanças públicas". Evanescer: ato ou efeito de esvair, dissipar, desaparecer.

Cusco ovelheiro

Os gaúchos dizem que "cusco ovelheiro não tem cura; só matando". Lá em Triunfo a prescrição é para o cachorro "comedor de ovo". Um e outro cães têm em comum o deletério hábito alimentar. Tem que ser assim com os políticos, são incuráveis. Morte – política, fique claro – para eles. Joaquim Roriz de novo. Pede R$ 300 mil emprestados para Nenê Constantino, o dono da Gol. Nenê precisa fazer dinheiro e emite um cheque de sua conta no Banco do Brasil, no valor de R$ 2.231.115,60 (aí deve ter do IPMF, táxi, lanche, etc.), passa para o presidente do Banco Regional de Brasília, Tarcísio de Lima. Dr. Tarcísio saca a dinheirama em seu banco estatal, enche uma sacola, leva ao escritório de Nenê e partilha em três: R$ 271 mil para Joaquim Roriz, R$ 29 mil para Benjamin Roriz, primo do outro e ex-secretário do governo do DF. O resto vai para Nenê Constantino – que levanta dinheiro que não tinha no Banco do Brasil. Se tivesse, bastava dar um cheque de R$ 300 mil para os Roriz. Político vaqueiro não tem cura.

A gravidez de Joaquim Roriz

Brasília sempre foi normal - o que acontece lá, acontece no Brasil em escala menor. Nestes últimos meses Brasília passou a ser paranormal. Só a paranormalidade explica fenômenos que confundem a ciência e o senso comuns. Relevem o mau-gosto e procurem entender a sinuca metafísica do bloguista. Renan Calheiros pena para fechar a contabilidade de seus bois, que multiplicou como os peixes do Evangelho para pagar a pensão da namorada grávida. Agora é o também senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) envolvido os R$ 300 mil emprestados para pagar "a prenhez de uma bezerra", como justifica seu chefe-de-gabinete Valério Neves na edição de hoje do Correio Braziliense.

domingo, 24 de junho de 2007

Virados para a Lua

Irislene Stefanelli, a Íris, que conhecemos do BBB7 está revoltada com Diego Alemão. Conheceram-se no programa, sucumbiram ao apelo midiático do romance e logo em seguida Alemão deu-lhe o fora. Dispensar uma moça daquelas só se ela tivesse maus hábitos - tipo futucar o nariz na cama, e disso não há registro. Fora isso, o rapaz deve ter problemas, sérios, muito sérios. Vá lá. Mas cantar pra todos os ventos que o amor acabou! Não se faz uma coisa dessas, Alemão. Seja cavalheiro e dê até desculpa esfarrapada, como dizer que se apaixonou pelo ex de Grazi Massafera - outro que não sabe que nasceu virado para a Lua. Talvez a chave esteja exatamente nisso da Lua.

Mulher fatal é isso!

Brincar com o amor – o próprio e o concedido – das mulheres é fatal. E não há gargantilha de 150 mil dólares que conserte. Se é burra, vira alça de caixão, "quando um larga, outro pega", dizia o ator Zé Trindade. Mas se a mulher ferida for inteligente como Julia Lambert, personagem de W. Somerset Maugham, além da desforra, ela cresce. "Being Julia"; em tradução, A Outra Comédia, Ed. Globo, gaúcha. Filme de 2004, direção de István Szabó, com Annette Bening no papel-título. No elenco o genial Michael Gambon, além de Jeremy Irons, Maury Chaikin e Bruce Greenwood. Julia, linda e famosa atriz de teatro, leva o fora do namoradinho, metade de sua idade. É trocada por uma atriz, jovem, ascendente não pelo talento, mas pela beleza e pela sedução. Julia volta de um retiro para curar a dor-de-cotovelo e aceita papel secundário numa comédia. Estrela, a rival, diretor, o marido – também seduzido no jogo duplo da atriz; a moça mantinha um olho no peixe e outro no gato. Julia se faz de morto para traçar o coveiro: humilde, fraca nos ensaios, sempre secundária, coadjuvante, tudo aceito por todos. No dia da estréia, numa única cena, reverte a marcação do palco, altera o traje, fica em primeiro plano, improvisa. Desconcertada, a rival, perdida, esquece as falas, sufoca o ódio e reprime o choro. Julia rouba o espetáculo, destrói a rival, humilha o ex-namorado e desconcerta o ex-marido. Mais, ganha o respeito do filho. Vingança comida em prato frio, que Julia comemora com um copázio de cerveja.
Filme da madrugada, na TVA.

sábado, 23 de junho de 2007

Cocô de cachorro - o politicamente incorreto e o ecologicamente cretino

Coisas de Mila, mascote do MAX, depois do passeio: "o pessoal passeia com os cachorrinhos, recolhe o cocô no saquinho plástico e joga o saquinho na grama. Por que não jogar o saquinho na lixeira ali em frente? Ou deixar o cocô na grama, junto com o xixi?" O ministro Magri estava certo, cachorro também é ser humano. Para o MAX é o único ser humano, os outros nem de cachorros merecem ser chamados. Para o MAX tem sido um desafio (eco)lógico. O cocô polui mais que o xixi? O saquinho não é biode(sa)gradável como o cocô? Ou o prefeito não quer que jogue cocô na lixeira? Me ajudem. Isto está mais complicado que o teorema de Fermat.

Antonio Fernando, mais dois anos na PGR

O presidente Lula deve ter ponderado: ruim com ele, pior sem ele. E nomeou Antonio Fernando Barros e Silva de Souza para mais um mandato como procurador geral da República. Parabéns, presidente, Antonio Fernando não faz besteira, não diz besteira, nem pensa besteira. Mulher, então, só a dele – e olhe que na PGR tem umas ferraris. Se o presidente tivesse consultado o editor do MAX – talvez a maior das falhas de Lula nos dois mandatos – não teria nomeado Antonio para o primeiro mandato. Antonio era tão caxias, tão legalista, tão teimoso, tão primeiro-lugar, que nunca passou cola nos cinco anos lá na Federal. Tá certo que era da turma do gargarejo, aquele povo da primeira fila, bem longe da última, onde estava o bloguista. Mas bem que podia emprestar o caderno. Nunca perdoei o Antonio Fernando por isso.

Bento Azambuja - entre a patricinha e o pé-de-chinelo

O mundo caiu sobre Bento Azambuja, o juiz trabalhista que rejeitou na audiência o brasileiro – literalmente – pé-de-chinelo. Ou pé-de-havaianas. Ele enfiou os dois pés na jaca, esquecido da primeira lição do direito do trabalho, a hipossuficiência, termo que identifica a clientela da Justiça do Trabalho – os pobres. Não vou atirar mais pedras, porque Bento está purgando o pecado. Além disso, gosto do Bento, fui advogado no inventário do avô dele, também Bento, e ele tem nome de papa. Devo a Bento um dos melhores momentos de advogado trabalhista, quando mirou um pé-de-chinelo jurídico. Foi assim: começa a audiência; do outro lado, pelo patrão, uma advogada jovem, bem nascida, bonitinha – devia ter feito três vezes o exame da Ordem. Pauta apertada, o processo exigindo ouvir testemunhas, Bento decide adiar a audiência sem fixar a data de continuação. Adiamento sine die, Bento registrou na ata. A coleguinha, forte no inglês, e só no inglês, não entende o latinório e pergunta a Bento: "Excelência, o que é esse "saine dai'". Bento, juiz novo, esboçou tentativa de explicar a morte do nariz. Acabou explicando o sine die. Não notei se a moça estava bem calçada.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Vamos relaxar. O governo está gozando de nós

O presidente Lula está reunido com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para discutir a crise aérea. Os dois são a metade da crise. Lula determinou que Paulo Bernardo negociasse com os controladores, e depois recuou; também impediu que o comandante da Aeronáutica aplicasse punições quando o caos aéreo se agravou. Quanto a Waldir, tem tanto envolvimento nos assuntos de seu ministério que deve ainda escrever "Defeza".
Já a sexóloga do Turismo relaxou e está gozando de todos nós: só viaja em aviões da FAB, como revela o Globo Online Extra:
Marta Suplicy já fez 47 viagens pela FAB desde que assumiu ministério
Max Leone, do Extra
RIO - Enquanto a população sofre com os atrasos de vôos nos aeroportos, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, relaxa numa aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), em mais uma viagem, a 47ª desde que assumiu a pasta. Desta vez, Marta decolou para El Salvador, onde participa da 46ª Reunião da Comissão Regional das Américas da Organização Mundial de Turismo, das Nações Unidas.
Diferentemente dos usuários comuns, a ministra tinha motivos para “relaxar e gozar”, como sugeriu na semana passada a quem estava com problemas para embarcar. A representante brasileira na reunião não teve problemas e chegou a tempo em seu compromisso oficial.
Marta Suplicy parou de viajar em aviões de carreira depois que deu a infeliz declaração. Algumas pessoas mais ligadas à ministra afirmam ser coincidência, mas existe a desconfiança de que ela estaria com medo da reação dos passageiros.
Segundo o ministério, a solicitação feita à Aeronáutica foi para que o avião levasse a ministra e a trouxesse no sábado. O ministério informou, porém, que a decisão de esperar ou não será da FAB, que avaliará a necessidade do uso da aeronave.

Qual a avaliação popular do governo do Estado?

A CNN divulgou hoje a pesquisa de popularidade de George Bush: três pontos acima da pior de Richard Nixon no pior momento do escândalo de Watergate. O atual presidente é vice-campeão de impopularidade. No Brasil, mensalmente temos pesquisas de popularidade do presidente, o mesmo acontecendo em alguns Estados - de primeira classe, no nível do Paraná, como insistiu ontem o deputado Rocha Loures, em Brasília. Curioso que no Paraná não são divulgadas as pesquisas oficiais de popularidade do governador. A sociedade civil devia se ocupar disso. Ajuda a todos.

Rever o orçamento do Estado, urgente

A pressão do governo do Estado contra a multa pelos títulos podres exige a revisão do orçamento de 2007. Na Assembléia pôs-se dúvida sobre o superávit de 2006 - na realidade um déficit, pois foi indevidamente computada a multa como crédito do Estado contra a União. Sem ajustes na lei orçamentária, ela continuará sendo a peça de ficção de sempre: dotações no papel e contingenciamentos de despesas o tempo todo. Resultado: retardamento de projetos, atrasos com os fornecedores e herança para o sucessor. Pelo menos nas heranças malditas existe justiça - todos os governos deixam as suas. A comissão de orçamento e finanças da Assembléia Legislativa bem que podia acompanhar as finanças mais de perto, diariamente. Se não em nome do espírito público, que seja pela tranqüilidade mínima no próximo governo.

Cangüiri Futibór Crube

Do saite do Supremo Tribunal Federal.
"O querelante [Requião] é parte ativa ilegítima em ação penal”, considerou o relator, ministro Cezar Peluso. Segundo ele, a Procuradoria Geral da República tem razão ao ponderar que os fatos devem ser analisados à luz do Código Eleitoral e não do Código Penal, como pretende Roberto Requião. “É que, na verdade, as supostas ofensas proferidas em debate entre candidatos na campanha eleitoral, configurariam em tese os direitos tipificados nos artigos 325 e 326 do Código Eleitoral”.
Faiô, bateu na trave!

A podridão dos títulos podres

Temos que admitir: quando o governador se acalma, é calmaria no Estado - faltam ventos e tormentas. A diferença é que a calmaria era risco para os navios a vela e para os paranaenses é paz, retorno à cordialidade, escudo e escusa dos donos do poder. Que subsiste até a terça-feira seguinte, quando o governador assume sua ancestralidade sergipana. O assunto do momento são os títulos podres do Banestado, dívida que segundo o DEIP departamento estadual de imprensa e propaganda nasceu no governo Lerner, só nele. Não interessa aos políticos discutir a origem da dívida, que não foi só o acordo imposto pelo governo federal para privatizar o banco. O acordo foi o efeito. A causa é mais remota e alcança os governadores eleitos desde a fundação do banco. Sim, porque todos fizeram do Banco do Estado - e não foi só o Paraná - o caixa paralelo do governo, o orçamento clandestino do Estado, o concubino do Tesouro. Usavam o banco para financiar interesses que o orçamento não suportaria. O governo Lerner tem pecados - e muitos, alguns imperdoáveis - mas nessa história do Banestado eles foram veniais. O pecado mortal quanto ao Banestado vem de governos anteriores. Jogar para a herança maldita lernista é sempre a surrada tática ensinada por Goebbels, o patrono dos comunicadores oficiais.

E a Sanepar? Fica como está?

Sanepar e sindicatos chegaram ao entendimento. Bom para o povo do Paraná - se é que isso conta, dado o histórico pregresso e recente. Tudo que a imprensa levantou nestes seis meses continua: a gestão amadorística, o inchaço empreguista, a falta de visão estratégica, o aparelhamento político e o acobertamento de desvios administrativos. Nada indica que algo vai mudar e quem vai sofrer será o Tesouro do Estado, obrigado a tapar a falta de recursos pela manutenção da tarifa, dos subsídios e da estrutura inchada e cara. Não esqueçamos também daquilo que está sendo varrido para debaixo do tapete, como a investigação do Paranasan e da gerência de comunicação social, para falar dos mais visíveis.

A reforma política

Difícil acreditar que a reforma política em pauta no Congresso seja em benefício do povo e não dos políticos. O tema central é o voto de lista, se esta será aberta ou fechada. Ponto positivo na reforma é a fidelidade partidária, ou seja, os votos serão para o partido. Com isso põe-se um basta ao entra-e-sai de parlamentares nos partidos. Saiu do partido, perdeu o mandato. A dúvida é se os congressistas vão aprovar assim.
O voto distrital, velha aspiração dos que acompanham a vida política, nem foi cogitado. Nem na sua forma pura, nem na mista. Em linha geral funciona assim: estados e municípios são divididos em distritos, pelo critério da população. Os candidatos disputam nos respectivos distritos. O mais votado é o eleito, admitindo-se também um segundo turno. As vantagens: o candidato tem vínculos com o distrito, é conhecido dos eleitores e estes têm meios de cobrar-lhe atuação. Complica aqueles que colhem votos em todo o Estado, por exemplo, exclusivamente pela popularidade ou fama – mas que podem continuar assim na hipótese do voto distrital misto.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Guido Mantega, entre na fila

Depois da explosão de testosterona de ontem, ao dar o troco naquele remoque de Roberto Requião ("o Tesouro Nacional é cobrador do Banco Itaú"), os neurônios do ministro Guido Mantega entraram em colapso. Hoje engrenou a língua sem ligar o cérebro e disse que o caos nos aeroportos é efeito do sucesso da economia. Se for assim, o aumento da criminalidade, da corrupção, dos aditivos e do nepotismo também são causados por essa sufocante prosperidade do país. Sejamos complacentes com o ministro Mantega. Por dois dias apenas. Depois disso ele que volte para a fila: tem dez mil paranaenses na frente.

Haja Supremo

José Dirceu também entende que Renan Calheiros deve ser julgado pelo Supremo, pois está sendo submetido a processo político. E Renan diz que seu processo no conselho de ética do Senado é esquizofrênico. Para não ficarmos como o travesseiro, com a marca da última cabeça que nele pousou, vamos lembrar coisas banais.
1) Os julgamentos do Congresso sempre são políticos; não fossem políticos a Constituição – desde sempre – mandaria tudo para o Judiciário.
2) Falando nisso, quem era o parlamentar mais combativo no julgamento – por sinal político – do presidente Collor? – Sim, ele, o deputado José Dirceu.
3) Processo esquizofrênico? – Primeiro, vamos atualizar a nomenclatura: bipolar. Segundo, os dois advogados, Dirceu e Renan, se tivessem exercido a profissão saberiam que todo processo é bipolar, ou esquizofrênico, se quiserem. Não fosse, nem seria processo, pois nele há sempre conflito de afirmações e avaliações de fatos.
Agora, isso de estarem querendo ir para o Supremo deixa o tribunal sob suspeita. O julgamento lá é mais fácil, mais tolerante, mais demorado?

Os suplentes e os safados

Renan Calheiros não conseguiu ser salvo pelos suplentes no conselho de ética do Senado. Sibá Machado foi tomado pelo Espírito Santo e Wellington Salgado pelo espírito-de-porco. Agora apela aos safados e ameaça revelar indiscrições e inconfidências de senadores que, como ele, pularam a cerca. Nada como a postura de magistrado, o equilíbrio e a firmeza de quem está no quarto lugar na linha presidencial. Ainda bem que essas coisas só acontecem em Brasília.

Os irmãos cara-de-pau

Reapareceram no Senado e atendem pelos nomes José Sarney e Romeu Tuma. A última deles: a Polícia Federal não pode investigar Renan Calheiros, que como senador tem foro privilegiado. Devem mandar a investigação para o Supremo Tribunal Federal. A velha jogada de ficar no detalhe, no acessório para encobrir o principal. A PF não está investigando Renan. Foi o presidente do conselho de ética quem a chamou para conferir as transações de carne do senador. A PF está colaborando, felizmente, porque aquela controladoria do Senado fez um papelão - que ninguém até agora explorou - ao santificar e abonar as operações de Renan Calheiros. Não podia ser real, era bom demais tudo aquilo de ontem, a redenção do Senado, respondendo à opinião pública e aprofundando as investigações.

Dano moral

Grande amigo do MAX está sendo processado por dano moral. Situação igual à de Ziraldo, que teve Zuenir Ventura como testemunha. Só foi possível consolar o amigo com a crônica de Zuenir, pois o MAX, solidário na opinião do amigo, queria mesmo é ser réu também.
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Testemunha de palavrão
Zuenir Ventura conta como foi a audiência na Justiça
O texto do jornalista Zuenir Ventura está publicado no site no.com.
Confesso que nesses longos anos de vida, poucas vezes vivi uma situação tão ridiculamente constrangedora como a da semana passada, na 14ª Vara Cível de São Paulo. Tudo por causa de uma expressão que todo mundo conhece e que é a mais ouvida em estádios de futebol. Para a história não perder a graça, é preciso contá-la sem meias palavras. Portanto, os ouvidos mais delicados e pudicos que me perdoem a falta de cerimônia. Tenho que ser literalmente fiel aos fatos. Juro dizer a verdade aqui, como jurei dizer lá, numa sala do oitavo andar do Fórum, onde fui parar como testemunha de defesa no processo que uma senhora move contra o humorista Ziraldo por ele tê-la chamado numa entrevista de "filha da puta".
Meu testemunho poderia ajudar a esclarecer uma questão crucial: "filha da puta" é uma expressão injuriosa capaz de provocar danos morais que justifiquem uma reparação de R$ 50 mil, como quer a acusação, ou é apenas um xingamento, um desabafo, sem juízo de valor, como alega a defesa? Em suma: chamar alguém de "filho da puta" é um mero xingamento, uma espécie de interjeição, ou se trata de uma declaração substantiva de fato, uma injúria? Já na primeira pergunta, percebi que ali não podia haver subentendido; as coisas tinham que ser claras. Admito que não estava à vontade.
O cenário da Justiça, solene e litúrgico, sempre amedronta: o juiz lá em cima, altivo, distante, soberano; os advogados, cumprindo o seu papel, tentam evidentemente pegá-lo pelo pé, querem que você dê uma escorregada, que caia em contradição, que seja traído pela memória. A tensão é inevitável. Assim, meio nervoso, dei minha primeira resposta, com o pudor e a cautela de quem está chegando a um ambiente de cerimônia onde havia inclusive senhoras. A não ser que você seja um cafajeste, ninguém chega a um lugar desses dizendo "Oi, onde está o filho da puta?"
Por isso, ao responder a pergunta inicial do Juiz, fugi da expressão chula e recorri a um eufemismo: preferi referir-me ao "episódio do palavrão", como um senhor deve fazer numa sala onde há pessoas que ele não conhece. O máximo que você se permite nessas circunstâncias é um "f...da...p". Num interrogatório na Justiça, porém, você tem que ser preciso, não pode usar subentendidos e ambigüidades. "O Sr. está se referindo ao filha da puta?", me corrigiu o juiz. Levei um susto. Nunca ouvira de egrégia boca tal chulice. Refeito, tive vontade de dizer "Ah, é? Liberou geral? Se é assim, deixa comigo!". Já estava a ponto de soltar um "puta que pariu, Meritíssimo, que saco essa coisa toda!", quando olhei o juiz e vi que ele tinha um rosto ao mesmo tempo jovem, sereno e severo. Não inspirava nenhuma gracinha. Era daquelas pessoas que não precisam amarrar a cara para se fazerem respeitar. Sabe aqueles sujeitos que, por mais intimidade que se tenha, jamais se ousará dar-lhe um tapinha na barriga? Pois é. Me contive então e respondi com o maior respeito: "Exatamente, Meritíssimo, me refiro ao filha da puta".
Isso foi, como disse, no começo da audiência. Com o passar do tempo, no entanto, o próprio juiz teve que se esforçar para não rir, nem sempre conseguindo deixar de esboçar leves sorrisos. A situação era por si só engraçada. Num judiciário com tantas dificuldades, tantos problemas para resolver, como levar a sério aquilo tudo? A comédia ficou impagável quando se procurou mostrar os vários usos do tal palavrão, inclusive como elogio. Lembrou-se que Ziraldo, na mesma entrevista à revista Imprensa, empregara parte da expressão para falar de um ex-presidente: "Itamar é puta velha; é um craque". Temi que começassem a entrar no recinto outros palavrões não autorizados.
Era um tal de puta pra lá, puta prá cá na sala que eu fui me descontraindo e de repente já estava dando também meus exemplos. "Quando eu digo que fulano tem um puta texto, Meritíssimo, isso é um elogio. Um puta cara, uma puta mulher". Por pouco, vejam vocês, não repetia para o juiz aquele exemplo machista bem grosseiro: "quando digo aquele filho da puta tá comendo fulana, Meritíssimo, isso é um elogio". Felizmente, o que me restava de pudor aquele dia me impediu de cometer a cafajestada.
Eu saíra de casa às 8h30, pegara o avião das 10h e estava voltando no vôo das 6 da tarde, quando me lembrei do bordão do Ancelmo e me disse: como deve ser bom viver num país em que a Justiça tem tão pouco a fazer que é capaz de passar um dia discutindo a expressão filho da puta. Ainda no espírito da 14ª Vara Cível, tive vontade de plagiar também Jânio Quadros dizendo para Fernando Sabino: "Puta que pariu, Fernando, que língua a nossa!"

Cachorrinho de madame

Cheguei atrasado no bar, culpa do Renan Calheiros. Turma toda reunida em torno do Jacaré, amigo e médico da Mila. Papo animado, o pessoal na segunda rodada de Izaura, Jacaré dominando e dissertando: " tem aqueles pitbulls e os doberman, que ficam lá no canto, quietos, não latem, não rosnam, sozinhos, sem ninguém. Quando a coisa pega, atacam e sai de baixo, é morte certa. E tem esses cachorrinhos de madame, só valentes perto da dona, da família da dona, dos amigos da dona, dos parentes da dona. Surgiu o perigo, afinam, são mocinhas". Meti a colher na conversa, perguntei ao Jacaré, veterinário dos bons, em qual categoria estava a Mila, yorkshire e rainha aqui de casa. Micou geral, todo mundo me olhando com cara de extraterrestre. Falavam de políticos, não de cachorros.

Três anos sem Leonel Brizola

Há exatos três anos, em 21 de junho de 2004, morria Leonel Brizola. Ele, Jânio Quadros e Carlos Lacerda, foram os políticos brasileiros mais controvertidos do século 20. Ao contrário dos dois outros, dele nunca se duvidou das intenções e da sinceridade dos propósitos. Era difícil aceitar seu pragmatismo, tamanho o arco ideológico de suas alianças políticas. Impossível fugir de seu carisma e encanto pessoal. Nunca perdeu a simplicidade e o vínculo com suas raízes, daquele menino humilde que aos doze anos, sozinho, bateu na casa do reverendo Isidoro e pediu para entrar no colégio mantido pela Igreja Metodista, em Passo Fundo: "eu quero estudar. Tenho uma vaca e o meu padrinho Otávio vai vender leite para pagar os estudos. Além disso, eu posso fazer alguns trabalhos, como lavar a louça, carregar água e outras coisas".
Esse Brizola - Itagiba Leonel no registro, homenagem do pai a vulto histórico gaúcho - quando governador do Rio Grande do Sul chegou a construir seis mil escolas. Não há informação de que tal marca tenha sido superada. Melhor que ninguém descreve isso Caco Barcellos, jornalista e celebridade da Rede Globo:
  • Ao Brizola eu devo o primeiro lápis que tive na vida, o primeiro caderno - que minha mãe guarda até hoje -, a oportunidade de praticar esporte e música em um espaço digno e o acesso a alimentação com proteína de primeira linha. Impossível também esquecer o dia em que eu e meus colegas lá do Partenon recebemos um tênis padrão das brizolinhas, como eram chamadas as milhares de escolas públicas que ele mandou construir nos bairros pobres de Porto Alegre.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Wellington Salgado - cabelos longos e idéias curtas

Wellington Salgado, senador suplente (PMDB-MG), durou uma sessão como relator no conselho de ética da representação contra Renan Calheiros. Saiu por ter sido vencido: queria ler o relatório de Epitácio Cafeteira, a quem substituiu no conselho, arquivando a matéria. O processo continua e há risco da cassação de Renan. A biografia de Salgado é típica: empresário da educação, contribuiu para a campanha do titular, o hoje ministro das comunicações Hélio Costa. Ao deixar a relatoria, sendo entrevistado, desdenhou o caso Renan e a participação dele, Wellington: só devo satisfações ao povo de Minas e a Hélio Costa. É como vê o papel de senador. Já contribuiu para o anedotário - e não só pelos cabelos cabelos longos e soltos. Disse, por exemplo, que ao saber do volume de água na descarga perdeu o prazer da urina matinal. Chegou a propor a reconstituição do acidente da Gol e do Legacy. Bem diferente de Sibá Machado (PT-AC), também suplente, que cresceu como parlamentar no episódio Renan.

Conselho de ética do Senado - melhorou o nível?

O conselho de ética do Senado está reunido. O nível melhorou. Grande momento, como sempre, a intervenção de Sérgio Guerra (PSDB-PE), lúcido, inteligente, habilidoso, pondo a discussão nos devidos termos, lembrando o conselho de sua responsabilidade com o povo. Insistiu que Renan Calheiros deveria ir até o conselho explicar-se para os colegas. Renan ausente, está lá seu advogado, Eduardo Ferrão. O relator passa a ser Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente - é aquele de cabelos compridos, estilo Woodstock (ninguém até agora exigiu que os cortasse; só ACM, maldoso, chamou-o um dia de "senhora"). A linguagem corporal dos senadores traduz nitidamente o desconforto que sentem. Até mostram compostura, ausente na última reunião. Parece que o receio da opinião pública começa a pesar. Até Sibá Machado, petista, suplente, presidente do conselho, assumiu conduta de magistrado. Se o conselho decidirá de maneira a afastar, neste particular momento, a desconfiança geral do povo, só o tempo dirá.

Renan Calheiros - o problema é só carnal

Renan Calheiros vendeu para o açougue Carnal, em Maceió, e apresentou as notas para provar fonte adicional de renda. Embora o imbróglio de Renan tenha tido origem carnal - seu desentendimento com a namorada - o surgimento de um açougue, também carnal, não pode ser coincidência. Há de ter qualquer coisa metafísica, um duende patriota contribuindo para a moralidade pública. É muita relação carnal para um senador só.

O mito da cordialidade

Duas notas no blog do Zé Beto, hoje. O secretário Iatauro, chefe da Casa Civil, mandou para a Assembléia Legislativa as informações requisitadas pelos deputados. Há dias, diz ele. O trânsito deve estar difícil lá no Centro Cívico, pois o mensageiro da Casa Civil não consegue atravessar os poucos metros da rua e entregar o material na Assembléia. Nos poupe, secretário.
A outra nota é sobre o encontro entre o governador, os deputados federais e os senadores, em Brasília, para fechar apoio contra a multa do Tesouro. Cobrado por Osmar Dias sobre seu comportamento com o Município de Curitiba, que é o mesmo que a União vem fazendo com o Estado, o governador disse que não sabia de nada. Nos poupe, governador.
O governador estava manso, até cordial. Ele assumiu o mito da cordialidade, que rejeitou no discurso de posse?

Prendam o procedimento!

Primeiro foi o mordomo, depois o sofá. Agora é o procedimento. Mais um para compor os três os suspeitos de sempre. Está na G. do Povo de hoje (pág. 7, primeiro caderno) a reportagem de Rogério Galindo, excelente repórter, com o Secretário da Saúde, Cláudio Xavier, que justifica o atraso no fornecimento de remédios:
  • "Por minha vontade, não faltaria um único remédio, por um único dia."

E complementa: alguns problemas em licitações também atrasaram a reposição. Problemas causados pela vontade de quem, Secretário? O atento Galindo deixou escapar a pergunta inadiável. Quanto aos problemas de licitação, com laboratórios que demoram para apresentar os preços, fica outra pergunta: a Secretaria não faz planejamento de suas ações?

Mangabeira Bolodório Unger

O ministro professor Mangabeira Unger vai render muita gozação. E não é pelo sotaque nem pelo modo de vestir: o que era aquilo de gravata e camisa no mesmo tom, ontem, na posse? É que se a gente espremer o que ele fala não sai nada. Vejam um trecho de seu discurso de posse.
  • O engrandecimento do Brasil soará em todos os recantos da Terra, como o grito de uma criança ao nascer, prometendo um novo começo para o mundo. Presos a seus afazeres, ansiosos para esquecer que morrerão, homens e mulheres pararão por um instante, perturbados por esperança inesperada. Ouvirão nesse grito a profecia do casamento da pujança e da ternura.

"Casamento da pujança e da ternura" - não seria "com" a ternura? que metáfora ridícula! "O engrandecimento soará como o grito de uma criança ao nascer" - ele acaba de fazer a cesariana do Brasil, que desde a Independência está deitado eternamente. E eu aqui atormentando (e reprovando) alunos por causa da retórica vazia, do bolodório, do encher lingüiça. Depois de Mangabeira os meninos vão achar que o certo é isso mesmo - podem acabar em Harvard, titulares do curso de Direito, e na pior das hipóteses ministros de Estado.

Lula magnânimo. Mangabeira o quê?

No discurso de posse, ontem, o ministro Roberto Mangabeira Unger disse que o presidente Lula foi "magnânimo" ao convidá-lo para o integrar o ministério. A prova da magnanimidade está abaixo, transcrita da Folha de S. Paulo - o manifesto Mangabeira. Se Lula é magnânimo, como deveríamos rotular o professor Mangabeira?
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Pôr fim ao governo Lula

AFIRMO que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos.
Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação em juízo. Já são, porém, mais do que suficientes para atender ao critério constitucional do impedimento. Desde o primeiro dia de seu mandato o presidente desrespeitou as instituições republicanas. Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para interromper a investigação de seus abusos.
Afirmo que a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para deixar de declarar o impedimento do presidente, dados a gravidade dos crimes de responsabilidade que ele cometeu e o perigo de que a repetição desses crimes contamine a eleição vindoura. Quem diz que só aos eleitores cabe julgar não compreende as premissas do presidencialismo e não leva a Constituição a sério.
Afirmo que descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam deslealdade para com a República os mandatários que, em nome de lealdade ao presidente, deixassem de exigir seu impedimento. No regime republicano a lealdade às leis se sobrepõe à lealdade aos homens.
Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança.
Afirmo que o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou.
Afirmo que a oposição praticada pelo PSDB é impostura. Acumpliciados nos mesmos crimes e aderentes ao mesmo projeto, o PT e o PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo monstro que sufoca o Brasil. As duas cabeças precisam ser esmagadas juntas.
Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais do que nunca, o futuro da República.
Afirmo que a repetição perseverante dessas verdades em todo o país acabará por acender, nos corações dos brasileiros, uma chama que reduzirá a cinzas um sistema que hoje se julga intocável e perpétuo.
Afirmo que, nesse 15 de novembro, o dever de todos os cidadãos é negar o direito de presidir as comemorações da proclamação da República aos que corromperam e esvaziaram as instituições republicanas.
Artigo publicado na edição de 15/11/2005 do jornal Folha de S. Paulo

Os encontros secretos de Lula

Reprodução do blog Brasil acima de tudo. Sem comentário.
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O escritório secreto do "Insólito Homem" vendedor da honra da República do Brasil
18 de junho de 2007
Heliponto privativo do edifício muito sobrevoado pelas aeronaves dasTVs e freqüentado por transportadores de malotes especiais.
Do Observatório de Inteligência
Por Orion Alencastro

Como cenário, os fins de semana na cidade do Obelisco dos Heróis da Revolução de 1932 quando a sociedade, sob céu azul e esparsas nuvens, relaxa em busca de lazer, exercícios físicos, banho de sol no Ibirapuera e em outros parques da intrépida capital dos brasileiros que amam o trabalho digno e desejam o progresso da Pátria, com respeito à Lei e à Ordem. São sucessivos sábados e domingos em que a sociedade busca se refazer das angústias e inseguranças do destino do país, impactado há longos anos pela escalada da corrupção que alcança os três poderes da República.
O Vôo do Crime e os encontros secretos
Nas coordenadas S 23º 33`13.1"/WO 46º 39` 11.3", sob a cobertura do edifício de vidraças indevassáveis, discretos agentes de segurança comunicam-se com o 17º andar. No diálogo, a confirmação de que o helicóptero já alçou vôo e está a caminho do pouso sempre alvissareiro. A bordo, um "insólito homem" chegando para mais um encontro periódico de atualização e continuidade de assuntos sigilosos de elevadíssimo comprometimento. Naquele andar, um impecável e amplo escritório está sempre à disposição do "insólito visitante", com todas as facilidades que pedem tão importante pessoa. Algumas figuras de considerável poder econômico e influência global no pretendido Governo Mundial aguardam o visitante. Os circunstantes são avisados de que o pouso da aeronave no heliponto SDSZ foi positivo. Seus passageiros, geralmente em torno de quatro, são observados mais uma vez por empregados que fazem a manutenção do prédio vizinho e assistem o dissimulado desembarque da "insólita personalidade" que vai ser recebida no luxuoso escritório.
A venda da honra da República
Os poucos e selecionadíssimos presentes secretamente agendados recepcionam e, amistosamente, cumprimentam o "insólito homem". Sucos, água e café são servidos. Dispensam-se os seguranças e as portas são cuidadosamente fechadas. Tem início mais uma reunião no alto do nobre prédio na mais paulista das avenidas de São Paulo. Toma-se a pauta do encontro anterior sobre potencialidades, projetos e riquezas nacionais. Iniciam-se a avaliação de outros ajustes de facilidades, acomodações de interesses corporativos e pessoais, sob pena de ferir os interesses estratégicos do país. É a venda da honra da República do Brasil. O calmo e circunspecto anfitrião consulta o seu valiosíssimo relógio de pulso: duas horas foram o suficiente para os acertos. O encontro encerra-se com a degustação de uma última dose de legítimo scotch, com gelo de água mineral importada. A segurança é avisada que o encontro está terminado. O tripulante da aeronave surge no heliponto para iniciar os procedimentos de retorno à base.
O "insólito barbudo"
Nosso protagonista não esconde a euforia pelo encontro. Despede-se amigavelmente, curvando-se ao que foi aventado. É discretamente acompanhado até a porta da cobertura. Do edifício em frente é avistado por faxineiras e limpadores de vidraça que se espantam com a semelhança de sua compleição física àquele que costuma aparecer nas manchetes de jornais e noticiários da TV. Antes de embarcar no helicóptero, o "insólito homem" sente a sua barba, esbranquiçada pelo poder e pela desonra, ser acariciada pelo frescor do eterno vento sul. O piloto acena para o segurança que porta o extintor de incêndio e a aeronave se levanta. Ao fundo da Avenida Paulista o "insólito passageiro" deslumbra-se com o Jaraguá (Guardião do Vale). Analisa por instantes sua barba e cabelos desalinhados no reflexo da janela, relaxa o corpo e cai em sono profundo ao lado do segurança. Em sonho, possivelmente o próximo embarque para o outro lado do Atlântico, conforme a agenda deixada na capital da sua república. Tudo não passa de mais um encontro que se repete em tais circunstâncias nos fins de semana, onde o "insólito governante" negocia e vende a Honra da Pátria no mercado negro da geopolítica do poder global. (OI/Brasil acima de tudo)

terça-feira, 19 de junho de 2007

Lula viajou. Na maionese

Na posse, hoje, do ministro Mangabeira Unger, o presidente Lula insistiu na necessidade de dar continuidade a programas e obras de governos anteriores. As obras não são de um governo, são do País, disse. Visão de Estado é isso. Como Lula só fala de improviso, a certa altura lançou uma dúvida: "porque não fizemos a reforma agrária no começo do século?". Ninguém teve coragem de perguntar ao presidente a qual século ele estava se referindo. Se foi ao século 21, a culpa é de FHC, que estava no governo - e de Lula, que não deu continuidade. Mas se foi ao século 20, o presidente deve tomar aulas particulares com Marco Aurélio Garcia, seu assessor-historiador. Dar terra a quem? - Aos escravos libertados completamente em 13 de maio de 1888? E quem faria? - O marechal Deodoro, ou Floriano? Como seriam pagos os barões do café? - Até seria bom negócio para eles, pois estavam arruinados, tanto que cruzaram os braços e deixaram a monarquia acabar. Mas quem financiaria a atividade dos novos proprietários?
Não tem sentido pedir para o presidente ficar quieto. Tem gente eleita, bem nascida, bem estudada, com três diplomas no currículo, que diz besteiras piores.

Cangaceiro? - Só a paisana

Edigar Evangelista de Souza - Edigar Mão Branca (PV-BA) na vida parlamentar - é deputado federal. Impetrou mandado de segurança contra a Mesa da Câmara dos Deputados para ter o direito de comparecer às sessões usando chapéu de couro. O ministro Gilmar Mendes acaba de negar-lhe a liminar. Tudo bem, o chapéu de Edigar é o único problema de decoro no Congresso. Então, nada feito. Mas fica a dúvida: e aquelas calças jeans da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) não incomodavam o regimento interno? Com tanto cangaceiro no Congresso, proibir só o chapéu e fechar os olhos para o resto do cangaço é pura hipocrisia.

Momentos do Presidente

No seu programa de rádio, "Café com o presidente", Lula afirma que o "Brasil vive o seu melhor momento desde a proclamação da República". Deve ser coisa do Marco Aurélio Garcia, o assessor-historiador de plantão no Palácio do Planalto. Melhor que na presidência Kubitschek, melhor que no milagre econômico, do regime militar.
Não diria que está melhor. Está diferente. A classe política é impatriótica e abusada como sempre foi, mas agora tem televisão dentro do Legislativo mostrando isso. Corrupção, nunca acabou; agora tem mais dinheiro porque o País vem crescendo desde a proclamação. Planos econômicos que enriquecem alguns e criam a ilusão de prosperidade temos desde Ruy Barbosa, que usou informações privilegiadas no Encilhamento; hoje vivemos no embalo e ignorância da dívida pública que se transformou numa camisa-de-força.

Previdência ou caos

"A longo prazo estaremos todos mortos". A frase é de Lord Keynes, e por isso nem devíamos nos preocupar com a divulgação pelo governo federal de que o rombo da Previdência chega hoje a 1,84% do produto interno e em 2050 atingirá 5,21%. Mas se o governo fala agora, é porque pretende aprontar alguma reforma agora – e o alvo são as regras da aposentadoria. Já está mexendo nas licenças e aposentadorias por invalidez e acidentes de trabalho. O foco é o mesmo: a receita é baixa porque a atividade informal é muito intensa.
Como sempre, o governo ataca as conseqüências e ignora as causas. Vamos lá. 1) A previdência é deficitária como regra, inclusive no primeiro mundo, pois é resultado do crescimento demográfico, do Estado crescentemente assistencialista, entre outras causas. 2) A atividade informal decorre do custo imposto pelo Estado para manter empresas e pagar tributos, sem a contrapartida do bom serviço público. 3) Mexer na aposentadoria sem considerar a longevidade da população é injusto, pois nega-lhe o intervalo do lazer possível entre o fim da atividade e o fim da vida. 3) Interferir nos benefícios por acidente chega a ser criminoso, pois pune-se o trabalhador pelos riscos e pressões da atividade, responsabilidade do empregador, e pelo descontrole administrativo, responsabilidade do Estado.

O marido Oscar Niemeyer

Da Folha de S. Paulo, coluna Mônica Bergamo; perguntado sobre o que pensa da vida, Oscar Niemeyer, cem anos em dezembro, respondeu: "A vida é mulher do lado, e o resto seja o que Deus quiser". Amém, Oscar.

Fundo de Mendicância dos Municípios

Coisa técnica, só aparentemente banal, mas que revela uma deformação do sistema federativo: o Tribunal de Contas da União conseguiu suspender liminar do Tribunal Federal da 4a. Região, Porto Alegre, que mantinha o coeficiente fixado em 2004 para a participação de Santo Antonio do Sudoeste no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O fundo é composto por parcela da receita arrecadada pela União nos impostos sobre a renda e sobre produtos industrializados. É distribuído entre os municípios com base em cálculo que considera a população. O TCU havia alterado o coeficiente seguindo censo demográfico do IBGE, como manda a lei. A decisão do TRF acabaria reduzindo a participação de outros municípios do Estado no FPM.
Por trás da disputa estão as deformações: 1) a concentração na União da maioria dos impostos, gerando a dependência financeira dos municípios; 2) e o mais grave, a intensa criação de municípios pelo desmembramento de distritos de outros, motivada na maioria das situações por interesses eleitorais - município novo, executivo e legislativo novos, mais empregos públicos, mais despesas e a redução da receita do município desmembrado. Claro, também mais cabos eleitorais e mendicância financeira.

Dois tribunais e duas medidas

Só os jornais noticiaram, sem muito destaque: o Tribunal Regional do Rio (3a. região) decidiu não afastar o juiz J.E.Carreira Alvim, preso e investigado pela PF na Operação Hurricane. No saite do TRF nada. Votação apertada, 8 a 8, com voto de desempate da juíza Tânia Heine. Os nove juízes - ou desembargadores federais, como decidiram ser chamados - entenderam que o regimento do tribunal é omisso se o afastamento depende ou não de inquérito administrativo, que até agora não saiu. O juiz estava em férias e entrou em gozo de outras. O outro juiz envolvido na investigação, Ricardo Regueira, também está em férias. Nas férias, Carreira Alvim movimentou a imprensa com denúncias contra o atual vice-presidente do Tribunal, que por sinal votou pelo não afastamento.
Deve ter sido um debate jurídico e tanto, considerando que o tribunal em geral e os dois juízes em particular tinham posições bem próprias sobre a aplicação das leis que resultaram na Operação Hurricane.
Já o Tribunal do Trabalho de Campinas, com a mesma omissão regimental, não teve dúvidas em afastar o juiz Eduardo da Luz Pinto Dória, também preso e investigado na Operação Hurricane.

Petistas e evangélicos

O aumento – entre 30,% a 139,7% - que o governo federal deu em medida provisória para 21.563 funcionários em cargos de confiança, e só para eles, vai reforçar o caixa no PT. Serão R$ 277 milhões em 2007. Na maioria são petistas, pois não é segredo que o partido aparelhou a administração federal com seus filiados, que pagam o dízimo exercido pelo partido. O PT está com um rombo de caixa de R$ 45 milhões e sofre com atrasos e não pagamentos dos filiados – ao que parece contaminados pela tendência burguesa de não pagar. A justificativa do ministério: estamos perdendo bons quadros para a iniciativa privada. Entendi agora porque não tem tantos petistas entre os evangélicos: dois dízimos não dá.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Conselho de Ética do Senado. Que ética?

Chocante. É o adjetivo mais ameno para o comportamento dos senadores no depoimento do advogado de Mônica Veloso, Pedro Calmon Mendes. PT e PMDB tentando a todo custo proteger Renan Calheiros e fazer de Mônica uma aventureira e oportunista. Um deles, senador Almeida Lima (PMDB-SE), inflamado, tribuno de júri, usou todas as entrelinhas possíveis, mas perfeitamente compreensíveis, para chamar Mônica de prostituta: insinuou relações íntimas da jornalista com Cláudio Gontijo, o lobista dado como intermediário do pagamento da pensão, ao ler cartão de agradecimento recebido dela.( Papel interessante o do lobista, de liberar o cartão...) Denunciou uma improvável e ridícula chantagem de vinte milhões de Mônica a Renan. E num lance teatral sugeriu um nome, que deixou no ar: Leidimar Pereira Leite - vamos ver o que vem plantado amanhã na imprensa. O senador Almeida Lima, agindo como cangaceiro macartista, jogou a dignidade do Senado lá embaixo. O advogado de Mônica, Pedro Calmon, jovem de quarenta anos, mostrou do que são feitos os verdadeiros advogados. Foi firme, enérgico, combativo.
Chocante. O que se debate no Conselho é a fonte dos recursos que Renan usou para pagar a pensão. Quem Mônica é ou deixa de ser não tem a menor importância. Até este momento foi o julgamento de Mônica e de seu advogado, lá chamados como testemunhas. E convidados. Portanto, faltou até educação ao Conselho de Ética. Se não fosse trágico pelo espetáculo que o Senado nos apresenta, o Conselho seria cômico.

Vou fazer na casa do Pedrinho...

Paula Falce, correspondente do MAX e editora de revista em Coral Gables, Flórida, EUA, manda notícia e desabafa. Aqui do Brasil recomendamos que procure a EPA Enviromental Protection Agency, órgão do governo americano que cuida do controle ambiental, inclusive de emissões que provocam risco à camada de ozônio.
"Estou preocupada. Sexta-feira, com muito alarde e milionária campanha publicitária, a Glaxo-Smith Kline lançou o Alli, nome fantasia pro Xenical, aquele remédio pra emagrecer que causa efeitos colaterais um tanto desagradáveis. O FDA, órgão regulatório farmacêutico americano, liberou o remédio pra ser vendido over-the-counter, sem prescrição médica. Com a dieta deste povo aqui, regada a bacon e cheeseburger, e a falta de controle, imagine o festival de flatulência. Preocupadíssima, pois meus colegas de cubículo, os gordos, com certeza vão entrar nessa. E eu, aqui no meio. It’s nature, people…"

Cama & Mesa

Aos amigos reduzidos à mesa, o MAX recomenda Cama & Mesa, de Roberto e Erasmo (1980), pois
Todo homem que sabe o que quer
Sabe dar e querer da mulher
O melhor, e fazer deste amor
O que come, o que bebe, o que dá e recebe

Boato a favor

Fim da Ditadura, Tancredo Neves eleito, primeiro presidente civil, começa a formar o ministério. Convida Fernando Lyra, combativo deputado do falecido MDB velho de guerra. Fernando, cabeça chata, baixinho, barrigudo, cara de areia mijada, ensaia a recusa: "sabe, presidente, não vai dar, tenho um problema. O SNI flagrou, fotografou, tirou BO de mim num motel, fazendo aquilo com a esposa de um colega. Pior, presidente, o marido é do partido, também". Tancredo, imperturbável, nem mordeu a gravata – como fazia quando tenso – e replicou: "esqueça, Fernando, no Brasil isso é boato a favor". O quê mudou nesta terra entre Tancredo e Lula, entre Fernando e Renan? – Apenas quem paga a diária.

Esgoto ruim, água boa

Descobriram que o esgoto da Assembléia Legislativa não está conectado ao dos outros imortais do Centro Cívico. O que os deputados sabidos não contam é que a Assembléia tem fonte própria de água. Descobriram há tempos um veio puríssimo no subsolo. Daí a vitalidade da turma.

Outrossim é a PQP!

Iniciando carreira solo, o jovem advogado manda a mensagem: "o presente e-mail tem por escopo..." Micou geral; ctrl/alt/del básico. Sem crise, o menino é cobra, formou-se na Federal. Lembrei daquele prefeito das Alagoas, depois revisor do Jornal do Brasil. Graciliano Ramos, o ex-prefeito, lendo a prova do editorial tropeçou naquele "outrossim". Deu uma tragada funda no Caporal Amarelinho, puxou o lápis vermelho, riscou a palavra e escreveu em cima: "outrossim é a puta que pariu".

O shopping de cá

Curitiba, um milhão de veículos. Curitiba, mais um shopping, agora na av. N. S. da Luz com Fagundes Varela. Bom para a Curitiba do MAX, que começa no Shopping Cristal e termina no Parque do Bacacheri. O Batel é terra desconhecida, intransitável, com pretensões a primeiro mundo.

Depois de Nerone o dilúvio?

"Não quero ser ordenador de despesas de uma política com a qual não concordo" – justifica Emerson Nerone para deixar a Secretaria do Trabalho (J. do Estado, 16 de junho). Nitroglicerina pura: Nerone não quer assinar os pagamentos da Secretaria. Pagamentos, que pagamentos? – Só podem ser os futuros, pois os passados, diz ele, estão limpos. E que política é essa, que fere os brios dele? – Não pode ser outra que não a das contratações da Secretaria.

domingo, 17 de junho de 2007

Limericks - trovinha sacana

Limerick fica na Escócia. É também uma forma poética do inglês: poemas curtinhos, picarescos, abusando do duplo sentido e do jogo de palavras. Virou uma curtição na família do MAX, depois que o avô e a tia saquearam a biblioteca do bisavô. O predileto da turma vem a seguir, com uma tentativa de tradução.
There was a young man from Cape Horn
Who wished he'd never been born
And he'd never have been
If his father have seen
That the end of the rubber was torn.

Tinha aquele rapaz de Quitandinha
Que odiava sua vida mesquinha
Mal sabe que estaria mais seguro
Se papai, apressado, no escuro
Notasse o furo na camisinha.

O Triunfo de Marilena

O MAX não é nenhum Drummond, mas tem a sua Itabira: chama-se S. João do Triunfo. Está no segundo planalto, claro, entre Palmeira e S. Mateus. A alegria começa na estrada, que recebeu o sobrenome do MAX; linda paisagem, plena de curvas, subidas e descidas, árvores que filtram o sol, sombras que emocionam e secadores de fumo nas propriedades – dia de céu azul, carrinho conversível e doce mulher ao lado, o MAX é – sem tirar nem pôr - George Segal com a Audrey Hepburn no MG 52 (deve ser por isso o penchant pelo Álvaro Dias; ele fez a estrada). Ninguém conta, é segredo daqueles sicilianos, mas pra se enfiar lá o velho Francesco Saverio queria mesmo era ficar bem longe de Giuseppe Garibaldi – Chico Italiano odiou a unificação da Itália. Mal sabia que a sogra de Garibaldi estava ali, seguindo a estrada, via Porto União, em Laguna, S. Catarina. Cara contraditório, o Saverio, mal chegou no Brasil comprou carta patente de major da Guarda Nacional. Mal de família. Em Triunfo o MAX caçou passarinhos, começou o comércio de pintassilgos, matou sanhaços e frestava a Dega, deliciosa e concupiscente cabocla. E lá, ainda aos sete anos, foi mortalmente ferido pela flechinha de Cupido. A prima Marilena, quem havia de resistir? Polentona das loiras, daquelas que só tem na televisão italiana, olhos azuis e uma voz plena de inflexões e promessas. Ao MAX, Marilena só concedeu as inflexões. Ainda hoje, avós os dois, as inflexões de Marilena arrepiam – e as promessas, a malvada sempre deixa no ar.

sábado, 16 de junho de 2007

O presidente adverte: vasectomia na rede pública

"Até vasectomia vamos fazer na rede pública, para o homem saber que ele não precisa ter um monte de filhos(..)" - palavras do presidente Lula, cinco filhos, ao lançar ontem o programa Não bata, eduque. Também comentou que nunca levantou a mão para seus filhos. Lula cresce a cada dia no conceito do MAX. É iletrado, dizem todos como se as letras fizessem diferença na política brasileira. Tem um senso comum apuradíssimo. Bem diferente de nosso letradíssimo secretário de Educação, que indicou exato o oposto para o deputado Stephanes Júnior. Agora, presidente, o que tem a ver (ou "haver", como tenho lido em bons jornais) bater com namorar (a rima ficaria chula) a mãe do menino? Ficou mal para a inseparável primeira dama, pois parece que na família Inácio da Silva quem decide essas coisas é Lula - o homem deve saber que não precisa ter um monte de filhos. Falando sério: vasectomia na rede pública? Não funciona. As crianças já foram todas nomeadas.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Fundo Estadual de Cultura (1)

O STF - está nos jornais de hoje - julgou inconstitucionais dois artigos da Lei 13.131/01, do Paraná, que destinavam percentuais do ICMS ao Fundo Estadual da Cultura, criado também na lei, com uma comissão para administrá-lo. O processo começou em setembro de 2001, ainda no governo Lerner - que curiosamente sancionou a lei com os artigos que depois foi derrubar no Supremo. O processo andou a passos de tartaruga: de novembro de 2001 a junho de 2003 na Advocacia Geral da União, que devolveu sem parecer; até 2007 com o ministro G. Mendes, relator no STF. Portanto, o incentivo fiscal para o fundo permaneceu até agora. O que estava em jogo era mais uma renúncia fiscal, daquelas que o Poder Legislativo é pródigo em fazer (v. post de ontem, "(des)Utilidade Pública").

A imprensa canalha

O destaque dado às andanças de Vavá Inácio da Silva e às finanças de Renan Calheiros intensificou a demonização da imprensa: é sensacionalista e abusada, pois noticia sem antes investigar plenamente, sem que a Justiça tenha se pronunciado, etc. No nível nacional começou com Lula, e há poucas horas com Renan Calheiros, que não conseguiu abafar a representação no conselho de ética do Senado - e criticou a ética jornalística. Nem falo do Paraná: aqui toda ela é "canalha". Como a tendência é sempre aceitar os argumentos sem examiná-los, vamos a eles. 1) A imprensa inventa, ou tem fatos que despertaram sua atenção? 2) A imprensa tem maiores compromissos com a exaustiva apuração dos fatos, ou cabe-lhe noticiar que estão sendo investigados pelas autoridades? De tanto abusar da nossa inteligência, os políticos agem como se fôssemos imbecis completos. Boa notícia não é notícia - no news is good news, já disseram os ingleses. Ou, como o velho Millor Fernandes, "imprensa é oposição; o resto é armazém de secos e molhados". Melhor que todos, Diogo Mainardi, na última edição da Veja: político não tem direito a privacidade.
De mais a mais, Lula e Renan reclamam quando a coisa bate neles, nas turmas deles. No outros é refresco dos bons. Democracia é isso, senhores. A propósito: andem na linha que a imprensa não fala nada - no news.