quarta-feira, 23 de maio de 2007

Namasthe, Gautama

Gautama Sidarta, o Buda, indiano. Gautama, a construtora de Zenildo Veras, que se diz budista - hoje levemente ferido a navalha. Namasthe, saudação budista em sânscrito que significa "o melhor de mim que encontra o melhor de você". A Folha dá a pista da causa do desencontro. Transcrevo da coluna Painel a opinião de conhecedor do ramo ao qualificar Zuleido como predador: "ele vai pegando a obra e não entrega. E também não entrega a propina. Todas as gravações da PF são de gente reclamando que o pagamento está em atraso". Que budista, que nada, esse Zuleido.

Toda semelhança é coincidência. Ou não

Transcrevo novamente do Painel, da Folha de S. Paulo. É sobre a Construtora Gautama, hoje na navalha do Superior Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal. A Gautama apresentou preço muito inferior ao dos demais interessados em concorrência no Piauí, programa Luz para Todos. Algo me diz que algo parecido aconteceu por aqui. Me ajudem.
  • Por aquele valor ela jamais conseguiria fazer as obras. Todo mundo sempre soube disso. Mas receberia os recursos', explica um conhecedor dos subterrâneos do setor elétrico.

Lição de economia

Alexandra Tavares, 34 anos, conheceu Reinaldo Tavares quando comissária de bordo. Casados, ele eleito governador do Maranhão, antes vice de Roseana Sarney, Alexandra foi o poder real no Estado no governo de Reinaldo, tanto que causou o rompimento de aliança de décadas entre este e os Sarney – que levou Reinaldo inclusive a um ministério. Reinaldo Tavares foi preso na Operação Navalha. Alexandra, hoje separada de Reinaldo, põe à venda por R$ 3 milhões seu apartamento duplex em Brasília, uma "mansão suspensa", pelo anúncio de jornal. Explicação de Alexandra para a aquisição do apartamento: comprei na planta e paguei R$ 1,1 milhão; economias, já que no governo ela e o marido não pagavam luz, água, telefone, empregado, comida. Não gastavam nada, conclui. Tá explicado. Convence.

Brazilian go home

O Brasil começa o aprendizado de potência regional, e Lula está sendo posto à prova. Começou com o solidarismo latino-americano de discurso e foi ultrapassado por Hugo Chávez, que vai além do discurso, pois tem petrodólares para queimar fora de casa. Até agora foi treino. O jogo acaba de começar: a Bolívia retomando duas refinarias da Petrobrás, cujo prazo de pagamento termina em 11 de junho próximo; o Paraguai exigindo renegociação do tratado de Itaipu; o Uruguai reclamando das assimetrias do Mercosul. É o momento de definir o que é o interesse nacional sem se preocupar com a inevitável acusação de imperialismo, que já começou. Uma releitura da biografia do Barão do Rio Branco vai bem nesta hora.

The comeback kid

Sergio Botto de Lacerda retornou ontem de viagem-relâmpago ao Uruguai. Bronzeado, revigorado - dizem que até mais bonito - deve ter encontrado as peças que faltavam para terminar aquela jabiraca de que ele tanto gosta. E nem me convidou para jantar.

O juiz e seu algoz

Irrecusável exigência da família: "comece a falar de coisas boas". Como se fosse possível tendo o ascendente em Escorpião. Vou tentar. Quase tem a ver com o A. Bierce, mas esta é de Friedrich Dürrenmatt, dramaturgo suíço, em O juiz e seu algoz (tem tradução e até filme, com o Jon Voight - o pai da Angelina Jolie). Três amigos, um deles uma jovem, de quem os outros dois gostavam. Um é policial, outro aventureiro. Este aposta que cometerá um crime perfeito na frente do amigo policial e nunca será apanhado. Mata a moça e se safa. Trinta anos depois se reencontram, um se aposentando, o outro riquíssimo, poderoso. O policial manipula provas e prende o amigo por um crime que este não cometeu. Explicação do policial quando o amigo, perplexo, pergunta de seu senso de justiça como policial. É a minha justiça, responde. Você não foi punido por um crime que cometeu, agora será punido por um que não cometeu. Tem detalhes interessantíssimos, de que vou poupá-los, porque FD merece ser lido. Interessa aqui a alegoria. Que é perfeita.

Operação Navalha & hábeas corpus

Os sucessivos hábeas corpus que a Justiça vem concedendo aos presos da Operação Navalha - vinte, ontem - me levam à definição de Ambrose Bierce, no seu The Devil's Dictionary: a writ by which a man may be taken out of jail when confined for the wrong crime. Não se ofendam, por favor, a tradução é para meus primos de S. J. do Triunfo, que só conhecem dialeto siciliano: ordem judicial pela qual alguém é solto da cadeia quando preso pelo crime errado.

Luis Nassif - Os cabeças de planilha. Imperdível

Já está no mercado a segunda edição de Cabeças de Planilha, do jornalista Luis Nassif. Li a primeira, vou doar o exemplar para a biblioteca da Faculdade e compro a segunda, pois é livro de leitura e conservação obrigatórias. Nassif desvenda os bastidores dos sucessivos planos econômicos e das reformas monetárias - e os interesses pessoais, raramente patrióticos, dos autores. Não é, nem se pretende, historiador. Mas como repórter brilhante, com aquele didatismo que lhe trouxe merecido sucesso na imprensa, explica com clareza as tecnicalidades dos planos. O ponto alto do livro é a análise crítica do Encilhamento, reforma econômica, bancária e monetária conduzida por Ruy Barbosa, ministro da Fazenda na presidência Hermes da Fonseca. Ao tratar de Ruy, Nassif lança o appetizer para o reexame desse que é o mito mais persistente e intocado de nossa História. Antes dele, só Raymundo Magalhães Júnior tocou nisso no seu Ruy, o homem e o mito. Só um detalhe do livro de Nassif: Ruy também ganhou mimos dos favorecidos por suas políticas - um palacete, hoje a Casa de Ruy Barbosa, e diretorias de bancos e empresas. E tinha também um cunhado, como todos nós. Só que o dele operava os esquemas, como os cunhados dos navalhas e congêneres. Così fan tutti.

Tá ruim, mas tá bom

Conselho de Gilberto & Gilmar. Acalanto e conforto para
estes dias navalhosos.

Pra todos problemas existe solução
É usar o bom senso agir com o coração.
Ontem fui convidado pelo meu patrão
Para um jantar, na sua mansão
Certa hora mais tarde me chamou do lado
E veio bravo e impois a questão
Pra não te mandar embora vou ser obrigado a baixar seu sálario
É sim ou não?
Aí eu pensei...Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Comprei um carro de segunda mão
Andava muito, era um avião
Um dia distraído entrei na contramão
Bati de frente com um caminhão
Além de estar errado e não ter seguro
Só tinha pago uma prestação
Perdi o carro vou trabalhar dobrado,
Mas não sofri nenhum arranhão
Aí eu pensei...Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Falei pra namorada que ia pra casa
Mas na verdade, fui pro bailão
Ela também foi e não foi sozinha
Pois nesse dia conheci o Pedrão
Que até hoje dói nesse peito meu
Ela ainda mora no meu coração
Arrumei um jeito estou perto dela
É a sua mãe, minha nova paixão
Aí eu pensei...Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Convidei um amigo e fomos assistir
Era a final do Brasileirão
O estádio lotado e nóis bem apressado
Entramos errado era no outro portão
Saímos no meio do adversário
Ali nos pegaram não teve perdão
Nunca vi tanto soco apanhamos muito
Mas o nosso time foi o campeão.
Aí eu pensei...Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom
Tá ruim, mas tá bom...