terça-feira, 29 de maio de 2007

Quase uma consagração

Os leitores telefonam: querem aqui reproduzida a coluna de Dante Mendonça sobre o MAX. Vai lá. Saiu n'O Estado do Paraná do dia 27 e na Tribuna do Paraná do dia 28, ontem.
Por que saiu, saiu por quê?
Dante Mendonça [27/05/2007]

“Saí da Sanepar pelo cansaço e pela frustração. Cansaço pela resistência da diretoria ao trabalho independente e de controle de legalidade que tentava continuar desenvolvendo. Frustração por perceber que nada disso interessava à diretoria, em particular, e ao governo, como um todo”. (Rogerio Distefano, ex-diretor jurídico da Sanepar)
A história - dizia Konrad Adenauer - é a soma das coisas que podiam ser evitadas. Convidado para assumir o cargo de diretor jurídico da Sanepar, o advogado Rogerio Distefano não pode evitar o chamado de Sérgio Botto de Lacerda, ex-procurador-geral do Estado e ex-presidente do conselho de administração da Sanepar. Quatro anos depois, ao devolver o cargo ao amigo, também demissionário do atual governo, foi inevitável para Distefano a associação de sua atitude com Hernán Cortés, o espanhol que invadiu o México no século 16. Ao se deparar com ouro demais, astecas demais e soldados de menos, Cortés botou fogo nas caravelas para não ter como voltar. Professor de direito e procurador do Estado (PGE), as caravelas incineradas de Distefano são outras: não só abandonou o poder, como também vendeu o antigo escritório de advocacia, cujas instalações o chamavam de volta.
Professor de direito e apaixonado por livros de história, Rogerio Distefano sabia que na planície se tornaria alvo fácil dos adversários encastelados na poderosa estatal de economia mista. Para se defender dos astecas, no século 16, o navegante Hernán Cortés empunhava um arcabuz. Neste século 21, as armas de defesa e ataque são outras: navegante da internet, Distefano embarcou num blog próprio, de onde se defende de ataques difamatórios e dispara afinados textos em direção ao poder.
Casado com Peggy Paciornick, uma das mais solicitadas tradutoras do Paraná, o nome do blog é em homenagem ao neto: MaxBlog (http://rogerio-distefano.blogspot.com).
O filho de ex-telegrafista e ex-gerente de Correios não faz postagens telegráficas no endereço eletrônico. No blog, seus textos são de fino humor, elegantes e bem alinhavados, sem deixar de exercer aquele narcisismo típico da internet. Feito válvula de escape, o MaxBlog é também um canal de expressão de tudo aquilo que o professor de direito passou a vida falando aos alunos e amigos.
Ao contrário do que se podia esperar, Rogerio não é um barril até aqui de mágoas com o governador Roberto Requião, de quem sempre foi eleitor e, agora, um privilegiado observador: “Minha opinião pessoal sobre Requião: falta-lhe o mínimo de solenidade e contenção pessoal no exercício do cargo; falta-lhe civilidade no trato pessoal, embora nunca tenha tido tal problema com ele. Falta de oportunidade, talvez, pois estivemos socialmente duas vezes e funcionalmente nenhuma. Minha opinião sobre o governo: precisa de um urgente recomeço. O que considero impossível, a julgar pela preservação da equipe, pela continuidade dos métodos - que só pioram, quando deveriam melhorar - , pela complacência com os erros da equipe, que tenta corrigir pelo pior caminho, o da centralização cada vez mais absurda, e pela falta de projetos”.
***
Paranista doente, em agosto Rogerio Distefano começa a escrever um livro. Não será sobre futebol e, sem susto, as águas não vão rolar na obra. Será um livro sobre Direito, simplesmente.

Nenhum comentário: