quinta-feira, 24 de maio de 2007

Recordar é sofrer

Acontece em 1993, como hoje também nas emendas ao orçamento da União. Naquele tempo, como hoje, já existiam Zuleidos - eles vieram com a coroa portuguesa e o mais ligeiro, ainda no navio, em pleno Atlântico, negociou com o príncipe D. João (que nunca foi VI no Brasil, e nem recebia 6%) a instalação e a exploração da imprensa régia. Viram? Já tinha imprensa e publicidade mamando no governo antes da Independência. Eram sete deputados da comissão do orçamento da Câmara. Pintavam, bordavam e exploravam uma mina de dinheiro, como aquela de diamantes dos Sete Anões. Ganharam o mesmo apelido por causa da altura, eram baixinhos. Pero cumpridores, como aquele atributo físico dos mexicanos. Além das obras, recebiam comissões (e até a verba toda) nos repasses para entidades filantrópicas, a maioria criada por eles mesmos e pelas famílias. Nunca antes neste País se fez tanta filantropia (ou philantropia, com e sem agá). O chefe era o deputado João Alves, baiano, cassado e hoje montado em razoável patrimônio imobiliário. Foi ele que inventou a compra de bilhetes premiados das loterias para esquentar o capilé. Operador técnico era funcionário da Câmara, José Carlos Alves dos Santos, que chegou a matar a mulher para apagar arquivos. Juntou dois milhões de dólares em poupança - mesmo pagando aluguel, luz, água, telefone, comida e carros. Abriu-se CPI, com 18 acusados, dos quais seis foram cassados, oito absolvidos e quatro valdemaram, ou seja, renunciaram aos mandatos para tentar voltar em eleição futura. Dançou até o presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, herói do impeachment de F. Collor. Aquilo de faça o que eu digo, mas não o que faço. Nem todos voltaram com sucesso para a política desde então. Menos Ibsen, que foi vereador em P. Alegre e voltou à Câmara nesta legislatura. Genebaldo Correa foi eleito prefeito de sua cidade, na Bahia, e Ricardo Fiúza é de novo deputado federal.

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