sexta-feira, 11 de maio de 2007

Carta a Germinal Poca, diretor da Sanepar

Caro Germinal
Criei fama de que sei coisas demais. E isso, Germinal, passou a ser um incômodo para algumas pessoas de complicado prontuário. Vêem-me como um arquivo ambulante que precisa ser urgentemente desqualificado, tal o perigo que imaginam rondar suas biografias caso eu me disponha a franquear minhas volumosas pastas.
Faço este preâmbulo para dar-lhe ciência de que pessoas sem caráter, perfeitamente identificáveis, estão usando seu nome para constranger-me. Chegaram a enviar uma carta a redações de jornais – em que você aparece como remetente –, na qual tentam usar um episódio de minha vida pessoal já perfeitamente esclarecido e superado.
Conheço você, somos amigos e sei que não é o autor da tal carta. Nem mesmo o português e o estilo são de sua lavra. Os canalhas que usaram seu nome utilizaram-se também de um endereço que já não é seu há 15 anos.
Não é mera coincidência o fato de esta “carta” estar sendo divulgada justamente quando a Assembléia Legislativa me convida para depor sobre a desastrada administração da Sanepar, que conhecemos – você e eu – tão bem. Tanto que lutamos – friso de novo: você e eu – para restabelecer o mínimo de ética e de competência que se exige dos administradores públicos. Daí a ansiedade doentia dos envolvidos, direta ou indiretamente, nas malfeitorias que se praticam lá dentro.
É dessa gente que parte a tentativa (inútil) de intimidar-me.
Na carta, que não é sua, sou acusado de delator porque – segundo eles – falo com a imprensa. Falo sim, mas depois que saí da Sanepar. Antes, eu falava e escrevia lá dentro. Afinal, sou cidadão e tenho direito. Minha sociedade é a civil, não aquela, secreta, que exige omertà. Para minha sorte, nessa carta nada se diz sobre meu trabalho. Ah, sim, sou criticado na carta porque criei o blog. Ou seja, além da omertà feri a regra da contenção, da resignação, do silêncio obsequioso. Nem aqui, nem na China.
Vou continuar, e com mais disposição. Lembra que eu lhe dizia que sairia do governo em 31 de dezembro do ano passado, silenciosa e calmamente? Não deixaram. Agora vêm as cartas. Pois então vamos à luta, na velha lei de Talião. Tenho certeza que estou mais limpo que nosso missivista – e seus comparsas.
Rogerio Distefano
ET. Não estranhe o horário da postagem. Não perdi o sono. É que sempre dormi pouco.

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