quinta-feira, 3 de maio de 2007

Carta ao deputado Marcelo Rangel

Caro deputado Marcelo Rangel
O senhor é parente do coronel Sidney, ou irmão do Guilherme da Tuiuti? Desculpe, é que sou curitibano, e aqui a gente se introduz situando primeiro as relações de família. Aí na Assembléia, com essa encrenca do nepotismo, o senhor decerto percebeu que é pura má-vontade dos promotores. Com certeza eles são gente de fora. Afinal, a família é a célula-mater da sociedade; não raro até do governo.

Caro deputado – prefere Rangel ou Marcelo? -, não vou tomar seu tempo, pois o senhor está ocupado orientando a assessoria no exame minucioso daquele calhamaço de documentos da publicidade. Como é coisa que vai e vem, entra governo e sai governo, tão antiga que eu chamaria essa papelada de cartapácio – tenho aqui um desses, do primeiro publicitário estatal da língua portuguesa, o Luiz de Camões (parece que aquela coroa de louros dele custou manilhas, digo, os tubos, para a coroa portuguesa).

Rangel, posso lhe fazer uma pergunta boba? Aviso, não sou seu eleitor, nem de seu partido. Sou um daqueles dez mil, sabe? Crítico, pueblino e requiânico-subterrâneo (é que ultimamente tenho tido que esconder isso, tanto me pegam no pé. Parece até a Santa Inquisição espanhola, me obrigando a queimar o kipah e receber a hóstia).

A pergunta, caro Rangel: por que o governo precisa fazer publicidade – não estou falando da dos editais, sim daquela, travestida de notícia, como a do Correio Paranaense? Fico pensando: governo não tem concorrência, governo não disputa mercado, governo não vende produto, governo não tem que mostrar o que faz; basta fazer.

Não vou perguntar mais porque acabo insistindo na bobagem. Nem espero sua resposta – quem sou eu pra tanto? Mas, Marcelo (curitibano quando tem interesse arromba a intimidade), pense nisso.

Deste seu, atento e obrigado,
Rogerio Distefano

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