sábado, 9 de junho de 2007

Dona Anita, o anel e o turco

Dona Anita é gentil e suave senhora de nossa melhor sociedade. Fina, elegante, apreciadora de arte. Dinheiro velho, três gerações, já no finzinho – o que ela fez, bem guardadinho, "nunca se sabe do futuro", diz dona Anita. Foi linda na juventude, lá no nordeste; os anos e o sul deixaram-na apenas muito bonita. Tem um problema, se é que é problema: compra, compra, compra, com a competência da comerciante que foi um dia. Dia desses, feira internacional de artesanato, tropelias e desmaios das madames, dona Anita fez o negócio da China: arrancou por cinco o anel que o turco – da Turquia mesmo – vendia por vinte. Difícil foi arrancar sua mão da mãozona do turco, gordo, careca, bigodudo que queria levar dona Anita, talvez pro harém dele. O que é combinado não sai caro. Explique isso pro turco.

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