sábado, 23 de junho de 2007

Bento Azambuja - entre a patricinha e o pé-de-chinelo

O mundo caiu sobre Bento Azambuja, o juiz trabalhista que rejeitou na audiência o brasileiro – literalmente – pé-de-chinelo. Ou pé-de-havaianas. Ele enfiou os dois pés na jaca, esquecido da primeira lição do direito do trabalho, a hipossuficiência, termo que identifica a clientela da Justiça do Trabalho – os pobres. Não vou atirar mais pedras, porque Bento está purgando o pecado. Além disso, gosto do Bento, fui advogado no inventário do avô dele, também Bento, e ele tem nome de papa. Devo a Bento um dos melhores momentos de advogado trabalhista, quando mirou um pé-de-chinelo jurídico. Foi assim: começa a audiência; do outro lado, pelo patrão, uma advogada jovem, bem nascida, bonitinha – devia ter feito três vezes o exame da Ordem. Pauta apertada, o processo exigindo ouvir testemunhas, Bento decide adiar a audiência sem fixar a data de continuação. Adiamento sine die, Bento registrou na ata. A coleguinha, forte no inglês, e só no inglês, não entende o latinório e pergunta a Bento: "Excelência, o que é esse "saine dai'". Bento, juiz novo, esboçou tentativa de explicar a morte do nariz. Acabou explicando o sine die. Não notei se a moça estava bem calçada.

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