terça-feira, 8 de maio de 2007

Hassan Abdo, o Victor

O apelido diz tudo: victor, vitorioso. Chegou aqui aos 19, com mil dólares de economias – surrupiados no segundo dia. Cristão maronita, veio do Vale de Bekkaa, amigo de infância de Bashir Gemayel, mais tarde presidente do Líbano. Sem dinheiro, dormiu uma semana em bancos de praça até conseguir emprego, trabalhando – diz ele – até vinte horas por dia. Três anos assim, já dominando o português, ainda empregado, duríssimo, decide comprar uma espelunca tomada pelas baratas, só com a passagem de volta do patrício, antigo proprietário. Como pagou a passagem é história única: autorizado pelo patrão, abriu conta no banco com a féria do dia; devolveu tudo no dia seguinte, já tendo limite de crédito. A saga do imigrante batalhador: cria a(s) Casa(s) da Sfiha, o Cantinho Árabe e a Bambinella, que fez história na Augusto Stresser. Hoje, bem de vida, bem casado, duas lindas filhas adolescentes, limita-se ao excelente e sempre lotado Cantinho Árabe, ali no final da Schiller. Craque em fazer amigos, conhece dois terços da classe política. Tem humor rápido, algo picaresco – diz que herdou da mãe. Santa senhora.

Nenhum comentário: